Ferida, Patrícia foi levada para o Hospital das Clínicas (HC), também no Centro, onde foi atendida e liberada. De dentro do quarto, ela fez uma gravação com o celular, contando o que aconteceu. As imagens foram exibidas nesta sexta-feira (16) pelo Bom Dia Brasil.
“Eu só consegui escutar dois barulhos fortes da bomba e o terceiro eu já senti uma batida, uma pancada muito forte no meu rosto, próximo ao olho e comecei a sangrar muito, muito”, disse Patrícia na gravação feita com o telefone.
A amiga que estava com Patrícia falou com a TV Globo, mas não quis dizer seu nome ou mostrar o rosto. “É. Com certeza ela [Patrícia] quebrou o nariz. E a gente tá aguardando o resultado dos exames pra ver quais são os, os outros procedimentos”, disse a amiga sobre a mulher ferida. “Pra ver se ela vai precisar ser operada, fazer cirurgia ou não. A gente tá aguardando.”
Sobre Patrícia, a amiga falou que ela está abalada. “Tá bem abalada, chorando, mas tá aguentando firme, né?”, comentou.
Protesto
Cerca de 2 mil pessoas contrárias à realização do mundial de futebol no Brasil saíram da Avenida Paulista para criticar os gastos com dinheiro público no evento, segundo balanço da PM.
O ato não foi pacífico. PM e ativistas entraram em confronto. Oito suspeitos de vandalismo, entre eles duas mulheres, foram detidos por policiais militares e levados para a Polícia Civil, onde foram autuados em flagrante. Todos foram liberados, mas três assinaram termo circunstanciado (crime de menor gravidade) por desacato.
Um homem que registrava o protesto anti-Copa de quinta-feira também se feriu. Ele foi socorrido, machucado no pé. Um policial militar também foi ferido durante a manifestação.
Prisões
Segundo a PM, as detenções ocorreram porque o grupo de oito pessoas estava de posse dos objetos que seriam usados em atos de vandalismo. Com eles foram apreendidos 3 litros de gasolina, dois isqueiros, um martelo, dois sprays de tinta, duas máscaras, duas luvas, dois escudos de fabricação caseira, óculos de proteção, dois capacetes, um bastão de ferro e sete cartazes com moldes para pichação.
Todos foram levados ao 78º Distrito Policial, nos Jardins. Entre os oito detidos havia um menor, de 17 anos, que tem passagem por roubo e foi apreendido por suspeita de usar uma barra de ferropara depredar uma agência bancária.
Nesta manhã apenas o menor continuava detido, segundo a Secretaria da Segurança Pública. O adolescente infrator poderá ser levado a Fundação Casa para cumprir medidas sócio-educativas de ressocialização.
Vandalismo
O ato contra o mundial de futebol começou no final da tarde de quinta, na Praça do Ciclista. O grupo fechou a Avenida Paulista e depois seguiu em passeata pela Rua da Consolação, onde teve início o confronto depois que mascarados arrancaram lixeiras dos postes e queimaram sacos de lixo. A polícia respondeu com bombas de gás. E os manifestantes jogaram pedras nos policiais.
Um ônibus foi cercado por manifestantes. Depois que o motorista e passageiros desceram, vândalos entraram, mas um deles, menor de idade, não conseguiu manobrar o veículo.
A concessionária da Hyundai, que patrocina a Copa, foi depredada. Vidros da loja e carros foram danificados. Agências bancárias também foram alvo dos manifestantes mais violentos. Portas e vidraças acabaram quebradas.
Uma cabine da Polícia Militar foi pichada e tombada na Avenida Paulista, próximo ao cruzamento com a Rua da Consolação. Vândalos montaram barricadas com fogo.
O Comitê Popular da Copa afirmou que a Polícia Militar entrou no meio da manifestação "atirando balas de borracha e bombas de gás". "A repressão deste protesto é mais uma prova da incapacidade do poder público de lidar com a livre expressão e do recrudescimento da violência estatal contra movimentos sociais e atos públicos.
O grupo garante ter construído uma manifestação pacífica e planeja novas ações para as próximas semanas", diz a nota. Procurada pelo G1, a Polícia Militar não se manifestou sobre as críticas feitas pelo movimento.
Protestos
De acordo com balanço da PM, a capital registrou 11 protestos durante toda a quinta, que se deslocaram por 20 locais. Os atos começaram pela manhã e só acabaram à noite. Apesar das manifestações serem contra a Copa, movimentos populares também reivindicaram políticas públicas. Como por exemplo, moradia e melhores salários.
Os protestos anti-Copa também aconteceram em 12 cidades do Brasil na quinta. Três em São Paulo: a capital, Sorocaba e Bauru. Porto Alegre (RS), Rio de Janeiro (RJ), Brasília (DF), Palmas (TO), Belo Horizonte (BH), Salvador (BA), Maceió (AL), João Pessoa (PB) e Fortaleza (CE) também registraram manifestações.