Os dados levantados indicam que quem bebe tem maior probabilidade de se envolver em brigas com agressão física, de andar armado e de ter ficha na polícia. Ao mesmo tempo, o abuso da bebida também aumenta o risco de as pessoas sofrerem assalto e estupro.
As informações fazem parte do 2ºLevantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad), pesquisa feita pela Unifesp que divulgou, nesta sexta-feira (16), os dados relativos à violência urbana e ao uso de álcool no Brasil. Os dados foram apresentados no Seminário Internacional “Álcool e violência: a influência da indústria do álcool”, realizado pela Associação Paulista Para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM) em São Paulo.
Para o levantamento, foram entrevistados 4.607 participantes com 14 anos ou mais de 149 municípios brasileiros em 2012.
“Existe uma associação muito grande entre álcool e violência tanto no caso dos agressores quanto no caso das vítimas”, diz a pesquisadora Clarice Madruga, uma das autoras do levantamento. De acordo com o estudo, quem abusa do álcool tem duas vezes mais risco de ser assaltado. “A intoxicação alcoólica faz com que a pessoa se exponha mais, tenha umcomportamento de risco, não evite lugares em função da segurança.”
Entre as mulheres que consomem álcool em excesso, há um risco 3,6 vezes maior de estupro. A pesquisadora enfatiza que isso não significa que haja responsabilidade da vítima em relação ao estupro. O que os dados mostram, segundo Clarice, é que se a pessoa beber moderadamente, sem excessos, ela pode diminuir sua vulnerabilidade em relação a esse tipo de violência.
Agressores alcoolizados
Segundo a pesquisa, em 50% dos casos de violência entre parceiros, o agressor estava sob o efeito de álcool. Do total de entrevistados, 6% afirmaram ter sido vítimas de violência doméstica.
Entre os participantes, 21,7% relataram ter sofrido algum tipo de violência durante a infância. Dentro desse grupo, 20% dos casos foram praticados por agressores que estavam sob o efeito de álcool. Além disso, 33,6% dos bebedores afirmaram já ter batido alguém enquanto estavam embriagados.
O envolvimento em brigas também é maior entre os bebedores problemáticos. Se, entre os homens com menos de 30 anos, 6% afirmam já ter se envolvido em brigas com agressão física, entre os homens da mesma idade que apresentam problemas com álcool, 27% relatam esse tipo de envolvimento.
Os homens que consomem álcool também andam armados com maior frequência. Se essa parcela é de 5% entre os homens em geral, ela sobe para 9% entre os homens bebedores.
O estudo também constatou que, entre os usuários problemáticos de álcool, a parcela dos que têm ficha na polícia é de 5,7%, porcentagem maior do que o observado na população em geral, em que 1,4% das pessoas são fichadas.