Alvo de vários questionamentos e ameaças de expulsão do Partido Social Democrático (PSD) desde que votou pela cassação do mandato correligionário João Emanuel Moreira Lima por quebra de decoro parlamentar, o vereador Toninho de Souza recorreu ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) com pedido de desfiliação da sigla. Ele ingressou na manhã desta sexta-feira (16) com de Declaração de Existência de Justa Causa para Desfiliação Partidária, pois afirma estar sendo perseguido dentro da sigla que tem o deputado Geraldo José Riva como principal liderança e um dos fundadores da legenda no Estado. Ocorre que Riva é genro do vereador cassado João Emanuel e secretário-geral do PSD.
Se o pedido de Toninho for julgado procedente, ele terá prazo de 30 dias para escolher um novo partido para se filiar. A ideia do social-democrata é deixar a sigla sem perder o mandato e para isso tentará provar que está saindo por justa causa, ou seja, perseguição interna das lideranças partidárias. Escolher uma nova legenda não será problema para Toninho. O próprio PDT, seu antigo partido, antes de migrar para o PSD já sinalizou que tem interesse em tê-lo novamente nos quadros partidários.
Se isso vier a ocorrer, a sigla pedetista ainda sairá fortalecida aumentando sua bancada para 2 vereadores. O representante do PDT na Câmara Municipal de Cuiabá, Adevair Cabral, foi o primeiro a fazer o convite a Toninho ainda no auge da polêmica que gerou o processo administrativo interno instaurado para investigar João Emanuel dentro da Casa. Toninho é presidente da Comissão de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara e diante da sinalização de Souza pela cassação, inclusive com voto favorável enquanto presidente da Comissão, o diretório municipal do PSD baixou resolução que o proibia de votar pela perda do mandato de Emanuel.
Na prática, em nada alteraria o destino político de João Emanuel que foi cassado por 20 votos. Mas de qualquer forma Toninho ficaria em situação no mínimo, constrangedora, porque soaria incoerente ele votar pela cassação enquanto presidente da Comissão e se abster ou votar pela absolvição em plenário. Ele decidiu que seguia seu posicionamento já externado dentro da Comissão de Ética e afirmou que a resolução do PSD chegou tarde. Afirmou ainda que o próprio João Emanuel pediu que ele o investigasse, pois sempre alegou inocência.
Depois da cassação, Toninho afirma que a situação se tornou insustentável dentro do partido que ameaçou cassar seu mandato por infidelidade. Só não o fez porque o PSD não possui um códio de ética. Passou também a ser acusado publicamente por José Riva de ter tentado extorquir João Emanuel para que não votasse pela cassação.
Toninho de Souza destaca que por outro lado, o vereador cassado por quebra de decoro parlamentar não sofreu qualquer advertência ou punição dentro do PSD. “Pelo contrário, ele foi protegido”, afirma Souza lembrando que João Emanuel continua respondendo a várias ações cíveis e criminais na Justiça.