Aos 32 anos, Shogun nunca havia sofrido um assalto. Para conseguir ajuda, ele precisou andar cerca de 2,5km descalço, sem camisa e apenas de bermuda porque deixou os chinelos no veículo. Mesmo pedindo carona, nenhum carro parou para ajudá-lo.
— Foi tudo muito rápido. Na hora, eu nem pensei em reagir, só em manter a calma. E também não fazer nenhum movimento brusco. Me surpreendi porque um deles tinha um fuzil e os outros três estavam com pistolas. Um deles falou: “Eu sei quem você é, você é lutador, não tenta nada”. Mas não falei nada, não fiz nada. Fiquei descalço, porque estava de chinelo e saí do carro de qualquer jeito. Tentamos pedir ajuda na Linha Vermelha, mas ninguém parou. Eu entendo, quem pararia nesta situação? Andamos até chegar na delegacia de São Cristóvão — contou o atleta, que até teve a ideia de pedir os seus documentos. – Pensei em pedir para eles meus documentos, mas evitei. Pior que eu tinha que viajar no outro dia, para São Paulo, e só consegui porque levei o boletim de ocorrência. Meus documentos ficam prontos na próxima semana.
Quando chegou à delegacia, Shogun só tinha na cabeça dois telefones: o da mulher, Renata Trevisan, e da mãe. A esposa não atendeu as ligações; a mãe ficou desesperada ao saber da história.
— Eu não conseguia falar com nenhuma delas. Minha mulher acabou de ter nossa segunda filha, e estamos morando em uma fazenda em Maringá (PR). Quando liguei, ela desligou o celular, até porque não era um número conhecido. Não conseguia falar com a minha mãe também. Liguei para um amigo e ele falou com ela, que ficou desesperada. Mas depois falei com ela e a minha esposa também e as tranquilizei — afirmou.
O ex-campeão do UFC garante que não sentiu medo, por isso teve sangue frio para ficar calmo.
– Nunca pensei que passaria por isso, mas graças a Deus não aconteceu nada. Fiquei sem entender a situação por alguns minutos. É complicado, você nunca imagina que vai acontecer isso contigo. Na hora que tudo estava acontecendo eu só pensei em sair dali – contou.