Ex-governador de Mato Grosso e atual senador Blairo Maggi (PR/MT) pode ser ouvido nas investigações da operação Ararath, segundo informações do advogado Otacílio Peron, que representa uma das empresas citadas, a Dymak Máquinas Rodoviárias.
O advogado esteve na sede da Superintendência da Polícia Federal, em Cuiabá, durante a manhã desta terça-feira (20), e afirmou aos jornalistas que a empresa foi citada no inquérito que investiga esquema delavagem de dinheiro, pois aparece em uma planilha encontrada na casa do ex-secretário de Estado de Fazenda, Éder Moraes.
“A empresa foi chamada para prestar esclarecimentos, pois em 2007 negociou com o Estado a compra de maquinários, no valor de R$ 15 milhões”, explicou o advogado.
Na época, o governo era comandando por Maggi. Todas as perguntas relacionadas ao senador foram respondidas pelo advogado, que afirmou que Maggi pode ser chamado para prestar esclarecimentos.
Maquinários - A empresa Dymak foi citada em outro processo, conhecida como “Escândalo dos Maquinários”, em que a Justiça Federal investigava o superfaturamento na aquisição de 705 máquinas em 2009, durante gestão de Maggi.
Em março, o juiz federal Julier Sebastião da Silva condenou os ex-secretários de Estado de Administração Geraldo De Vito e o de Infraestrutura, Vilceu Marchetti por atos de improbidade administrativa. Deacordo com a condenação, eles teriam que devolver R$ 44 milhões aos cofres do Estado, valor apontado como superfaturamento na compra dos maquinários que faziam parte do programa “MT 100% Equipado”. Além disso, teriam que arcar com multa de R$ 10 mil cada e tiveram seus direitos políticos suspeitos por 5 anos.
As denúncias contra Maggi e Éder Moraes foram consideradas improcedentes.
Ararath - A 5ª fase da operação que investiga lavagem de dinheiro foi deflagrada na madrugada desta terça-feira (20), em Cuiabá. Na casa do governador Silval Barbosa (PMDB) foi cumprida busca e apreensão, além de prisão do deputado estadual José Riva (PSD) e do ex-secretário Éder Moraes. Houve também mandados no gabinete do conselheiro do Tribunal do Contas do Estado (TCE/MT), Sérgio Ricardo e do conselheiro aposentado Alencar Soares, na Prefeitura de Cuiabá e casa do prefeito Mauro Mendes (PSB), além de gabinetes na Assembleia Legislativa.
Com início em 12 de novembro de 2013, a operação descobriu um esquema de lavagem de R$ 500 milhões através de empresas de factoring e combustíveis comandadas pelo empresário "Júnior Mendonça". A partir das investigações, a PF descobriu uma série de fatos que abalam as estruturas dos órgãos públicos de Mato Grosso.
O termo “Ararath” foi escolhido pelos agentes por ser o nome de um monte na Turquia onde, supostamente, foi encontrada a Arca de Noé. Isso porque o esquema investigado atualmente em muito se assemelha ao descoberto com a deflagração da operação Arca de Noé, em 2003, que desarticulou as ações de João Arcanjo Ribeiro, à época tido como o chefe do crime organizado no Estado.
O ex-bicheiro era responsável por comandar movimentações financeiras ilegais, por meio de factorings. O responsável por decretar a prisão de Arcanjo foi o próprio juiz federal Julier Sebastião da Silva. Segundo a Polícia Federal, os investigados pela operação Ararath devem ser indiciados e poderão responder pelos crimes contra o sistema financeiro nacional e de lavagem de dinheiro, bem como ocultação de bens, direitos e valores. As penas estão previstas no art. 16 da Lei nº 7.492/86, podendo chegar à reclusão de 1 a 4 anos e multa, e no art. 1º da lei 9.613/98, com reclusão de 3 a 10 anos e multa.