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Quarta - 21 de Maio de 2014 às 16:25
Por: Adamastor Martins de Oliveira

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As investigações do suposto crime de lavagem de dinheiro, que levaram para a prisão políticos de Mato Grosso, revelam o uso de recurso público em prol de vantagens pessoais, sobretudo, em campanhas eleitorais. No início da noite desta terça-feira (20), o deputado José Riva (PSD) e o ex-braço forte dos governos Blairo Maggi (PR) e Silval Barbosa, Eder Moraes, foram embarcados em um avião da Polícia Federal para cumprir o mandado de prisão em Brasília.

A ligação de políticos com o empresário do ramo de factoring e de postos de combustíveis, Gercio Marcelino Mendonça Júnior, conhecido por Júnior Mendonça - alvo da primeira fase da Operação Ararath - se entende também a empréstimos para campanhas políticas de grupos de fora do governo e para negociações espúrias, conforme aponta a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a prisão e mandados de busca e apreensões contra autoridades do Estado e membro do Ministério Público Estadual (MPE).

A determinação do ministro do STF, Dias Toffoli, além das prisões, estendeu para a busca e apreensão na casa dos dois acusados presos e na presidência da Assembleia Legislativa, nas residências do governador Silval Barbosa (PMDB), do prefeito Mauro Mendes (PSB), e dos conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Sérgio Ricado, e Humberto Bosaipo, - este último afastado do cargo pela Justiça.

O enredo das investigações começa com o pivô da primeira fase da Operação Ararath, Júnior Mendonça, empresário com trânsito entre políticos da situação à oposição. Ele faz parte da delação premiada e foi o depoimento dele que está fazendo a PF desvendar a lavagem de dinheiro público.

A quinta fase da Operação Ararath, desencadeada ontem, refletiu diretamente na classe política de Mato Grosso, principalmente com o pedido de cumprimento de prisão de dois investigados. A determinação é para que eles cumpram a preventiva fora do sistema penitenciário de Mato Grosso. Na Capital Federal, os dois seriam encaminhados à sede da Polícia Federal.

As prisões visam evitar que Riva tente atrapalhar as investigações, assim como Eder, também pela influência e privilégio junto às autoridades políticas do Estado. O ministro justificou a necessidade de os investigados ficarem em custódia fora do Estado para evitar a facilitação de comunicação com pessoas que estão em liberdade, além de outros benefícios.

Com base nas investigações do Ministério Público Federal (MPF), foi observada que a liberdade deles poderia comprometer a continuidade das investigações. Ainda foi citado no inquérito, que embasou o pedido de prisão de Riva, o fato de mesmo o parlamentar estar afastado da presidência da Assembleia Legislativa continuar usando a estrutura da Casa.

Riva está afastado da presidência desde maio do ano passado. No cargo de presidente, o deputado Romoaldo Júnior (PMDB) continuava até ontem despachando no seu gabinete. Já Eder teria feito uso de outros meios, até mesmo no Ministério Público Estadual (MPE) na tentativa de atrapalhar as investigações.

CONEXÕES - Os indícios apontam que Eder Moraes fez articulações por diversas vezes junto ao promotor de Justiça, Marcos Regenold, que atua no Grupo de Atuação Especial do Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público Estadual (MPE). Nestas ações, Eder tentou atrapalhar as investigações no âmbito federal.

A relação dos dois veio à tona diante da interceptação telefônica autorizada pela Justiça Federal. O ex-secretário foi flagrado em conversas - consideradas espúrias pelas investigações da PF - com o promotor. Conforme o inquérito, o membro do MPE teria dado orientações a Eder em como proceder em um depoimento, que estava prestes a conceder aos investigadores federais.

De acordo com a investigação, a intercepção foi dirigida a Eder. Também há suspeita que Eder - com a suposta colaboração do promotor, tentou tumultuar e desfocar a investigação da PF com várias tentativas de mostrar a intenção de fazer parte do programa de delação premiada.

Ainda exercendo o último cargo de chefe do escritório de representação em Brasília, Moraes teria chegado a entregar um calhamaço de documentos à chefia de inteligência da PF, que comprovaria irregularidades cometidas no governo. Dias depois, foi descoberto que a papelada não daria qualquer respaldo à Operação Ararath.





Fonte: A Gazeta

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