A Assembleia Legislativa de Mato Grosso(ALMT) não pretende, por ora, abrir processo investigativo contra o deputado estadual José Riva (PSD), mesmo após a prisão do parlamentar pela Polícia Federal durante a Operação Ararath, na terça-feira (20), por suspeita de integrar esquema de lavagem de dinheiro.
O presidente da ALMT, Romoaldo Júnior, diz que não há informações suficientes para que seja aberto qualquer processo de apuraçãosobre o deputado, o qual já responde a mais de 100 processos na Justiça pelos crimes de improbidade administrativa, corrupção e peculato - uso de cargo público para obter vantagens pessoais. Apesar de estar afastado da chefia da ALMT por força de decisão judicial, Riva continuou despachando normalmente de dentro da presidência da Casa até os dias que antecederam a prisão.
"Nós não temos nenhum conhecimento [para abrir investigação], até porque não foi formulada nenhuma denúncia. Foi feita uma busca e apreensão em cima de um processo que corre em segredo de Justiça. Levaram várias documentações. Mas nós não temos conhecimento do que causou essa operação. A partir do momento que a Assembleia for notificada, que receber uma cópia da denúncia e saber o porquê de o deputado Riva estar sendo investigado, a Mesa Diretora vai tomar as providências cabíveis", justificou Júnior.
Desgaste
O deputado disse que as atividades da Assembleia Legislativa não foram alteradas após a busca e apreensão feita pela PF na manhã de terça, e que as sessões da noite de terça-feira e da manhã desta quarta-feira ocorreram normalmente.
"É importante dizer que a instituição, nesse momento, precisa funcionar com normalidade. As sessões continuam, os deputados estão comparecendo. O trabalho principal [da ALMT] é votar e aprovar os projetos que beneficiam o estado e os cidadãos, e isso vai continuar", garantiu.
Porém, Romoaldo Júnior admite haver certo desgaste à instituição diante da ação da Polícia Federal, embora tenha preferido não apontar culpados.
"Não é só a Assembleia que é investigada, tem outros organismos que compõem o poder estadual também. É desgastante. Mas, nós estamos iniciando um processo. E não podemos culpar ninguém. Acho que todo mundo tem o direito de defesa e vamos aguardar o desdobramento", afirmou.
Gabinete da Presidência da ALMT: mesmo afastado do posto, Riva vinha despachando normalmente no local dias antes de ser preso. (Foto: Carolina Holland / G1 MT)
Constrangimento
O presidente da ALMT não poupou elogios a José Riva, que foi levado a um presídio federal em Brasília. "Eu acho que é constrangedor ver um colega, ainda mais um colega querido como é o deputado Riva [preso]. Ele é muito querido entre os pares, muito respeitado. No meio político do estado de Mato Grosso é uma grande liderança. Então, é constrangedor ver um companheiro passar por isso", disse.
A Ouvidoria da ALMT informou que as atividades no gabinete do deputado Riva também foram mantidas e que os assessores estão trabalhando normalmente, atendendo as pessoas que forem até o local.