Dono de 'banco clandestino' em MT já foi detido suspeito de cartel Júnior Mendonça foi investigado pela Operação Madona, em 2008. Ele possui uma rede de postos de combustíveis no estado há oito anos.
Proprietário de uma rede de postos de combustíveis em Cuiabá, o empresário Gércio Marcelino Mendonça Júnior, suspeito de participação em um esquema financeiro que resultou na deflagração da Operação Ararath pela Polícia Federal, na terça-feira (20), também já foi investigado por suposta formação de cartel para a venda de combustíveis. Há seis anos, ele e outros oito empresários foram detidos durante a Operação Madona.
Gércio Mendonça Júnior foi detido em uma operação do Grupo de Atuação de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) após investigações apontarem que ele e mais 20 pessoas faziam parte de um cartel por meio do sindicato da categoria para acertar o preço a ser praticado pelos postos de combustível, o que era imposto aos demais empresários do setor. O advogado do empresário, Huendel Rolim, no entanto, disse ao G1 que já ficou comprovado que o cliente não teve participação no caso.
"Se o cartel fosse desafiado, primeiramente, alguns de seus membros ficavam encarregados de 'convencer' o empresário dissidente a se converter aos interesses da organização criminosa", diz trecho do processo movido pelo Ministério Público Estadual (MPE). Os suspeitos foram indiciados e se tornaram réus de uma ação que tramita na Vara Especializada Contra o Crime Organizado, Ordem Tributária e Econômica e Administração Pública.
O caso veio à tona após quebra de acordo por parte de empresários de Rondonópolis, a 218 km da capital, que reduziram o valor do combustível. Representantes do sindicato e outros empresários, incluindo Júnior Mendonça, como é conhecido, interviram na questão para evitar que o preço definido pelas empresas fosse praticado. "Caso não fosse possível convencer os empresários a praticar os acertos espúrios de preço feitos pela organização criminosa, eles recorriam a toda sorte de ameaça para intimidá-los", cita parte da ação.
A organização criminosa fazia de tudo para que o cartel fosse mantido. Consta do processo que os empresários que se recusassem a fazer parte do acordo tinham as casas atingidas por disparos de arma de fogo, além de terem o carro incendiado e de serem ameaçadas. "Esses atentados eram, em grande parte, praticados pelo sargento José Jesus de Freitas, membro da organização criminosa chefiada pelo ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro, condenado pela morte do empresário Sávio Brandão.
Origem do fortuna
Dono de 11 postos de combustíveis na capital e da Globo Fomento Mercantil, empresa de financiadora de crédito, Júnior Mendonça sempre viveu na capital mato-grossense. Antes de começar a atuar no ramo de revenda de combustíveis, até 2006 ele só mantinha a factoring, que operava supostamente sem autorização do Banco Central.
Segundo a ex-mulher do empresário Karina Nogueira, quando ela o conheceu, em 2001, ele tinha uma loja de pneus. "Quando eu o conheci, ele tinha uma loja de pneus, mas era uma loja bem de 'fachada', e não via ninguém entrar, nem sair. Depois ele me falou que fazia agiotagem, aquilo me fez lembrar do meu pai, porque ele tinha pavor desse nome. Foi quando a gente terminou", disse. Depois disso, eles reataram e ela ficou casada com ele por seis anos.
Karina disse ainda que Júnior começou a trabalhar com empréstimo de dinheiro junto com João Arcanjo Ribeiro, preso em 2002. "Durante o tempo que ficamos juntos, o Júnior movimentava dinheiro do João Ribeiro e, quando o Arcanjo foi preso, ele ficou com esse dinheiro e está com esse dinheiro até hoje e não devolveu, assim como muitos outros em Cuiabá", declarou.
Financiador de campanha
Colaborador 'premiado' das investigações acerca de empréstimos fraudulentos e lavagem de dinheiro, Júnior Mendonça teria ajudado vários políticos no financiamento de campanhas eleitorais. Inquérito do Ministério Público Federal (MPF) aponta que ele teria emprestado cerca de R$ 7 milhões ao governador Silval Barbosa (PMDB), na campanha à reeleição em 2010, e ao prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes (PSB), nas eleições de 2012. Silval ainda não se manifestou e Mauro confirma empréstimo e alega que tudo ocorreu dentro da legalidade.
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