Gércio Mendonça Júnior foi detido em uma operação do Grupo de Atuação de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) após investigações apontarem que ele e mais 20 pessoas faziam parte de um cartel por meio do sindicato da categoria para acertar o preço a ser praticado pelos postos de combustível, o que era imposto aos demais empresários do setor. O advogado do empresário, Huendel Rolim, no entanto, disse ao G1 que já ficou comprovado que o cliente não teve participação no caso.
"Se o cartel fosse desafiado, primeiramente, alguns de seus membros ficavam encarregados de 'convencer' o empresário dissidente a se converter aos interesses da organização criminosa", diz trecho do processo movido pelo Ministério Público Estadual (MPE). Os suspeitos foram indiciados e se tornaram réus de uma ação que tramita na Vara Especializada Contra o Crime Organizado, Ordem Tributária e Econômica e Administração Pública.
O caso veio à tona após quebra de acordo por parte de empresários de Rondonópolis, a 218 km da capital, que reduziram o valor do combustível. Representantes do sindicato e outros empresários, incluindo Júnior Mendonça, como é conhecido, interviram na questão para evitar que o preço definido pelas empresas fosse praticado. "Caso não fosse possível convencer os empresários a praticar os acertos espúrios de preço feitos pela organização criminosa, eles recorriam a toda sorte de ameaça para intimidá-los", cita parte da ação.
A organização criminosa fazia de tudo para que o cartel fosse mantido. Consta do processo que os empresários que se recusassem a fazer parte do acordo tinham as casas atingidas por disparos de arma de fogo, além de terem o carro incendiado e de serem ameaçadas. "Esses atentados eram, em grande parte, praticados pelo sargento José Jesus de Freitas, membro da organização criminosa chefiada pelo ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro, condenado pela morte do empresário Sávio Brandão.
Origem do fortuna
Dono de 11 postos de combustíveis na capital e da Globo Fomento Mercantil, empresa de financiadora de crédito, Júnior Mendonça sempre viveu na capital mato-grossense. Antes de começar a atuar no ramo de revenda de combustíveis, até 2006 ele só mantinha a factoring, que operava supostamente sem autorização do Banco Central.
Segundo a ex-mulher do empresário Karina Nogueira, quando ela o conheceu, em 2001, ele tinha uma loja de pneus. "Quando eu o conheci, ele tinha uma loja de pneus, mas era uma loja bem de 'fachada', e não via ninguém entrar, nem sair. Depois ele me falou que fazia agiotagem, aquilo me fez lembrar do meu pai, porque ele tinha pavor desse nome. Foi quando a gente terminou", disse. Depois disso, eles reataram e ela ficou casada com ele por seis anos.
Karina disse ainda que Júnior começou a trabalhar com empréstimo de dinheiro junto com João Arcanjo Ribeiro, preso em 2002. "Durante o tempo que ficamos juntos, o Júnior movimentava dinheiro do João Ribeiro e, quando o Arcanjo foi preso, ele ficou com esse dinheiro e está com esse dinheiro até hoje e não devolveu, assim como muitos outros em Cuiabá", declarou.
Financiador de campanha
Colaborador 'premiado' das investigações acerca de empréstimos fraudulentos e lavagem de dinheiro, Júnior Mendonça teria ajudado vários políticos no financiamento de campanhas eleitorais. Inquérito do Ministério Público Federal (MPF) aponta que ele teria emprestado cerca de R$ 7 milhões ao governador Silval Barbosa (PMDB), na campanha à reeleição em 2010, e ao prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes (PSB), nas eleições de 2012. Silval ainda não se manifestou e Mauro confirma empréstimo e alega que tudo ocorreu dentro da legalidade.