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Sexta - 23 de Maio de 2014 às 13:00
Por: Adamastor Martins de Oliveira

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Proprietário de uma rede de postos de combustíveis em Cuiabá, o empresário Gércio Marcelino Mendonça Júnior, suspeito de participação em um esquema financeiro que resultou na deflagração da Operação Ararath pela Polícia Federal, na terça-feira (20), também já foi investigado por suposta formação de cartel para a venda de combustíveis. Há seis anos, ele e outros oito empresários foram detidos durante a Operação Madona.

Gércio Mendonça Júnior foi detido em uma operação do Grupo de Atuação de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) após investigações apontarem que ele e mais 20 pessoas faziam parte de um cartel por meio do sindicato da categoria para acertar o preço a ser praticado pelos postos de combustível, o que era imposto aos demais empresários do setor. O advogado do empresário, Huendel Rolim, no entanto, disse ao G1 que já ficou comprovado que o cliente não teve participação no caso.

"Se o cartel fosse desafiado, primeiramente, alguns de seus membros ficavam encarregados de 'convencer' o empresário dissidente a se converter aos interesses da organização criminosa", diz trecho do processo movido pelo Ministério Público Estadual (MPE). Os suspeitos foram indiciados e se tornaram réus de uma ação que tramita na Vara Especializada Contra o Crime Organizado, Ordem Tributária e Econômica e Administração Pública.

O caso veio à tona após quebra de acordo por parte de empresários de Rondonópolis, a 218 km da capital, que reduziram o valor do combustível. Representantes do sindicato e outros empresários, incluindo Júnior Mendonça, como é conhecido, interviram na questão para evitar que o preço definido pelas empresas fosse praticado. "Caso não fosse possível convencer os empresários a praticar os acertos espúrios de preço feitos pela organização criminosa, eles recorriam a toda sorte de ameaça para intimidá-los", cita parte da ação.

A organização criminosa fazia de tudo para que o cartel fosse mantido. Consta do processo que os empresários que se recusassem a fazer parte do acordo tinham as casas atingidas por disparos de arma de fogo, além de terem o carro incendiado e de serem ameaçadas. "Esses atentados eram, em grande parte, praticados pelo sargento José Jesus de Freitas, membro da organização criminosa chefiada pelo ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro, condenado pela morte do empresário Sávio Brandão.

Origem do fortuna

Dono de 11 postos de combustíveis na capital e da Globo Fomento Mercantil, empresa de financiadora de crédito, Júnior Mendonça sempre viveu na capital mato-grossense. Antes de começar a atuar no ramo de revenda de combustíveis, até 2006 ele só mantinha a factoring, que operava supostamente sem autorização do Banco Central.

Segundo a ex-mulher do empresário Karina Nogueira, quando ela o conheceu, em 2001, ele tinha uma loja de pneus. "Quando eu o conheci, ele tinha uma loja de pneus, mas era uma loja bem de 'fachada', e não via ninguém entrar, nem sair. Depois ele me falou que fazia agiotagem, aquilo me fez lembrar do meu pai, porque ele tinha pavor desse nome. Foi quando a gente terminou", disse. Depois disso, eles reataram e ela ficou casada com ele por seis anos.

Karina disse ainda que Júnior começou a trabalhar com empréstimo de dinheiro junto com João Arcanjo Ribeiro, preso em 2002. "Durante o tempo que ficamos juntos, o Júnior movimentava dinheiro do João Ribeiro e, quando o Arcanjo foi preso, ele ficou com esse dinheiro e está com esse dinheiro até hoje e não devolveu, assim como muitos outros em Cuiabá", declarou.

Financiador de campanha

Colaborador 'premiado' das investigações acerca de empréstimos fraudulentos e lavagem de dinheiro, Júnior Mendonça teria ajudado vários políticos no financiamento de campanhas eleitorais. Inquérito do Ministério Público Federal (MPF) aponta que ele teria emprestado cerca de R$ 7 milhões ao governador Silval Barbosa (PMDB), na campanha à reeleição em 2010, e ao prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes (PSB), nas eleições de 2012. Silval ainda não se manifestou e Mauro confirma empréstimo e alega que tudo ocorreu dentro da legalidade.





Fonte: Do G1

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