A Polícia Federal continua com as buscas na tarde desta sexta-feira (23) pelo chefe de uma quadrilha internacional de tráfico de drogas suspeita de atuar em mais de 30 países. Responsável pela Operação Águas Profundas, o delegado Bruno Gama afirmou que, para facilitar a movimentação de mercadorias, a organização criminosa pretendia construir um submarino e criar uma empresa aérea para voos internacionais. O grupo fatura mais de R$ 5 milhões por semana com o tráfico.
O delegado explicou que o projeto do submarino já estava pronto. Conforme a investigação, a quadrilha fechou uma mineradora na África para realizar a construção da embarcação no local, que foi analisado por engenheiros colombianos. Segundo a polícia, o líder do grupo estava, inclusive, visitando diversos estabelecimentos onde outros “narcosubmarinos” eram feitos.
De acordo com a investigação, com a embarcação, a droga sairia da Venezuela para o Suriname, onde seria acondicionada em pequenas embarcações. Em alto mar, a droga seria transferida para o submarino com destino ao continente africano, de onde seguiria em navios ou pequenas embarcações para a Europa.
A investigação apontou também que a quadrilha tinha intenção de comprar um avião comercial do modelo Boing 737, que tem capacidade para mais de 80 pessoas. Mas os desejos do grupo iam além, pois queriam criar uma empresa área para transportar a droga traficada pelo grupo no próprio avião comercial e, assim, não levantar suspeitas.
Até o início da tarde, a Polícia Federal não informou o número de mandados de prisão e de busca e apreensão cumpridos em Goiás e mais seis estados. Durante a manhã, policiais se dirigiram a uma casa luxuosa de Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana, para procurar pelo líder da quadrilha. Ele não foi localizado em Goiás, mas a polícia faz buscas por ele em São Paulo.
Dezenas de imóveis, veículos e contas bancárias foram bloqueadas. O valor dos bens é de mais de R$ 80 milhões.
Projeto similar ao do submarino que seria construído pela quadrilha (Foto: Reprodução/ Polícia Federal)
Operação
A Polícia Federal deflagrou a operação Águas Profundas no início da manhã desta sexta-feira. Cerca de 250 policiais federais e 25 servidores da Receita Federal devem cumprir 10 mandados de prisão preventiva, 28 conduções coercitivas e 47 mandados de busca e apreensão em Goiás, São Paulo, Paraná, Pará, Minas Gerais, Mato Grosso e Santa Catarina.
Em Goiás, as diligências acontecem em Goiânia, Aparecida de Goiânia, Goiatuba e Rio Verde. Policiais também vão cumprir mandados nas cidades paulistas de Guarujá, Ribeirão Preto,Bertioga, Campinas, Santos e na capital. As demais ações serão em Belém e Icoaraci, no Pará, em Belo Horizonte, Itajaí, em Santa Catarina, e em São José do Xingu, no Mato Grosso.
Tráfico internacional
A quadrilha era investigada há dois anos. "É uma quadrilha que está em atuação há mais de 30 anos no país com o chefão aqui em Goiás. Esse chefão se associou aos chefões do Brasil todo para realizar o tráfico de drogas internacional", afirmou o delegado federal.
Segundo a PF, este seria o caminho da droga da
América à Africa (Foto: Reprodução/ Polícia Federal)
A organização criminosa atua em cerca de 30 países. Entre eles, Estados Unidos, Espanha, França, Emirados Árabes, África do Sul, China e em quase todos os países da América do Sul.
Segundo a PF, o grupo tem um ‘alto grau de profissionalismo’, com diversos mecânicos contábeis, comerciais e cambiais semelhantes aos utilizados por grandes empresas. A estrutura logística do grupo, de acordo com a investigação, inclui vários setores, entre eles, aeroportos e portos, casas de câmbio, construtoras, hotéis fazendas e empresas agropecuárias.
Atualmente, grande parte da droga era enviada pelo mar. "Eles usavam contêineres de navios comerciais e voos internacionais para remeter droga para Europa e África, isso semanalmente. Rendendo fortuna para a quadrilha", informou Bruno Gama.