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Segunda - 26 de Maio de 2014 às 18:42
Por: Adamastor Martins de Oliveira

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Lenine Martins / Secom-MT
Eder seria o operador do esquema investigado pela PF.
Eder seria o operador do esquema investigado pela PF.

Uma planilha apreendida pela Polícia Federal (PF) na residência do ex-secretário de Fazenda de Mato Grosso Éder Moraes (PMDB), e constante do inquérito que tramita na Justiça Federal, sugere que o esquema investigado teve o envolvimento de outros dois deputados estaduais, um suplente, um ex-deputado e um prefeito, além de apontar para a suposta ligação do senador Blairo Maggi (PR) e do ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Alencar Soares, com os indícios de crimes financeiros. O documento foi apreendido pela Polícia Federal durante uma das fases da operação Ararath.

Todos os citados com os quais a reportagem do G1 conseguiu contato negaram qualquer relação com os esquemas investigados na operação Ararath.

Na planilha apreendida são mencionados um apelido e iniciais que a Polícia Federal interpretou como os nomes dos deputados estaduais Adalto de Freitas (SDD) e Guilherme Maluf (PSDB), além do suplente de deputado Gilmar Fabris (PSD), o ex-deputado Dilceu Dal Bosco e o atual prefeito de Rondonópolis, cidade a 218 km de Cuiabá, Percival Muniz (PPS). Também são mencionados, segundo a PF, o senador Blairo Maggi e o ex-conselheiro Alencar Soares, além de duas empresas de engenharia.

Antes de ser preso na última terça-feira (20), Éder Moraes foi alvo de mandado de busca e apreensão em fase anterior da operação Ararath por ser suspeito de operar um esquema de empréstimos ilegais e crimes como lavagem de dinheiro, que movimentou cerca de R$ 500 milhões, e teria atendido à cúpula política do estado pelo menos desde 2008. O ex-secretário se encontra preso no Complexo da Papuda, em Brasília.

Operação Ararath (Foto: G1.com.br)

Anotações
No documento, a PF interpretou que se refere a Maggi a sigla “BM”, a qual é anotada com uma seta ligada à inscrição “12 MM”. Guilherme Maluf seria mencionado apenas como "G. Maluf", escrito ao lado direito do numeral “1,587”. O prefeito de Rondonópolis seria a inscrição “2.00 M P. Muniz” enquanto o ex-parlamentar Dilceu Dal Bosco, para a PF, seria representado pela anotação “1,6 MM Dilceul” (sic).

Completando a lista, estariam duas menções a “Daltinho”, apelido do deputado Adalto de Freitas. O apelido aparece duas vezes. Na primeira, ao lado da inscrição “900 mil” e, na segunda, ao lado da inscrição “600 mil”. Já o suplente Fabris é mencionado pelo sobrenome ao lado do numeral “2 MM” e o ex-conselheiro do TCE apenas como “Alencar 1.5”.

Todos os nomes aparecem abaixo de um número, “49 MM”, em uma folha de papel que também faz referência a órgãos como o Ministério Público (“MP”), o TCE, à Rede Cemat (anterior concessionária de energia do estado), à própria PF e à Receita Federal.

A Polícia, ainda em investigação, registrou que ainda não tem conhecimento pleno do que se tratam as anotações de Éder, mas apontou que elas “chamam a atenção por se referirem a órgãos públicos e pessoas ligadas ao meio político”.

“Seu significado integral é ainda obscuro e merece ser esclarecido”, diz trecho do inquérito, que acrescenta, no entanto, ser possível vislumbrar que as anotações se referem às transações do “sistema” de crimes financeirosdo qual Éder Moraes seria o principal operador. O objetivo, entre outros, seria “possível compra de apoio político, financiamento de campanha eleitoral, pagamentos de outros empréstimos tomados no 'mercado financeiro paralelo estabelecido no estado'”.

"Os indícios, conforme demonstrado a partir da farta documentação apreendida na residência de Éder Moraes, apontam para a extensão do crime de gestão fraudulenta a um grande número de empréstimos", diz o inquérito.

O ex-secretário Eder Moraes e o deputado estadual José Riva algemados pela PF após desembarque em Brasília. (Foto: Reprodução / TVCA)

Eder e o deputado José Riva foram presos durante
a operação. (Foto: Reprodução / TVCA)

Outro lado
Os políticos que o G1 conseguiu contatar e cujos nomes teriam sido citados nas anotações negaram qualquer relação com os crimes investigados.

Por meio de nota, o senador Blairo Maggi enfatizou que, em seu mandato, jamais solicitou que qualquer servidor agisse de modo a ferir os princípios da administração pública. “Espero a apuração rigorosa de todos os fatos, com a punição cabível aos que, de fato, estão envolvidos nos crimes contra o patrimônio público”, declarou o ex-governador.

Já o ex-deputado Dilceu Dal Bosco, atualmente em tratamento médico em São Paulo, declarou por meio de sua advogada que não recebeu qualquer notificação referente às investigações, que desconhece o conteúdo delas e que aguarda mais informações a respeito.

Na mesma linha se manifestou o deputado Guilherme Maluf, dizendo desconhecer sua menção nas anotações de Éder e o número escrito ao lado. Ele também declarou não ter relação com o ex-secretário de Fazenda.

O prefeito de Rondonópolis, Percival Muniz, afirmou que jamais foi notificado por conta da investigação, não sabe por que seu nome figurou nas anotações apreendidas, não recebeu qualquer valor e disse que, caso seja convocado para prestar esclarecimentos, responderá com tranquilidade.

O suplente de deputado Gilmar Fabris negou ter recebido qualquer quantia em dinheiro relacionada ao suposto esquema e disse nem saber o motivo de seu nome constar das anotações de Éder.

O deputado Adalto de Freitas, além de lamentar o “vexame” pelo qual o estado estaria passando, também explicou que todas suas operações empresariais são feitas em agências oficiais e que seus empréstimos não têm ligação com sua vida política. A reportagem não conseguiu contato com o ex-conselheiro do TCE Alencar Soares.





Fonte: Do G1

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