O ex-juiz federal e pré-candidato ao Governo do Estado, Julier Sebastião da Silva (PMDB), alvo da segunda fase da Operação Arararth em novembro de 2013, afirmounesta segunda-feira (26), que o Ministério Público está "sob suspeição".
Julier acredita que a instituição está sendo usada em favor de grupos políticos.
“Não é questão de acreditar ou não. O fato é que houve uma decisão por parte do Supremo Tribunal Federal reconhecendo que o Ministério Público estava sendo usado para fins estranhos, para fins e investigar e prejudicar adversários políticos em prol de uma candidatura no Estado. Não sou eu quem está dizendo, foi o STF que disse que o MP estava conduzindo investigações desvirtuadas e direcionadas. Isso é muito grave, pois o Ministério Público é um órgão fundamental para a democracia e para República”, disse.
“É muito temerário e perigoso o uso de instituições estatais para fins políticos. Não podemos deixar que um monstro cresça no seio da nossa democracia. Agora sabemos o porque de terem envolvido meu nome nessa operação. Fui vítima de um esquema para prejudicar um grupo político”, disse Julier.
As declarações de Julier vão ao encontro do que disse o deputado estadual José Riva (PSD), na manhã desta segunda-feira (26), que afirmou ter sido vítima de uma "manobra política" arquitetada pelo senador e pré-candidato ao Governo do Estado, Pedro Taques (PDT), a quem acusou de usar membros do Ministério Público como "cabos eleitorais" para perseguir e prejudicar seus adversários.
“São fatos muito graves, na verdade. Porque não se pode desvirtuar uma instituição tão importante quanto o Ministério Público para que se possa usar, de outros propósitos, que não aqueles que lhes são de direito”, afirmou Julier.
"Amicíssimo de Taques"
Durante entrevista coletiva, Riva disse que Julier também foi “vítima” de Taques. O ex-juiz foi alvo de busca e apreensão da Polícia Federal, em novembro do ano passado. Na Justiça, ele conseguiu a devolução dos pertences e a busca foi considerada ilegal.
Segundo o deputado, há o claro interesse em desgastar o grupo político que dá sustentação ao governador Silval Barbosa (PMDB).
“O ex-juiz Julier era amicíssimo do Pedro Taques. Bastou cogitar uma candidatura a governador que foi alvo da Operação Ararath. O senador Blairo Maggi, era candidatíssimo a governador. Mas, estranhamente, foi só ter uma reunião com Taques, que deixou de ser candidato", disse Riva, na ocasião.
O parlamentar acusou a procurada do Ministério Público Federal Vanessa Christina Zago Scarmagnani, que atua em Cuiabá, de agir “deliberadamente” para induzir o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), a erro, ao decretar sua prisão preventiva.
"Eu estou convicto de que as informações da procuradora Vanessa foram maliciosamente distorcidas. Estou convicto, não tenho dúvidas de que foram maliciosamente distorcidas para me prejudicar. A motivação política aqui é flagrante. Não tenho dúvidas disso", afirmou.
"Zelo pela democracia"
Julier preferiu não comentar as falas do deputado e afirmou, apenas, que os “excessos” do Ministério Público devem ser investigados.
“Coloca sob suspeição a instituição na medida em que retira a legitimidade e a legalidade dessas ações. É importante que a democracia fique de olho nesses excessos, ninguém está acima da lei”, ponderou o ex-juiz.
“Nós esperamos que as coisas se esclareçam e que efetivamente o Ministério Público não seja utilizado de qualquer forma para fins partidário e e eleitorais. É preciso que zelem pela democracia e, que assim, participem do processo eleitoral”, disse.