A lamentação foi feita a portas fechadas numa reunião da coordenação da campanha de Campos com a bancada de deputados federais na quarta-feira (28), acompanhada em parte pela Folha.
Candidaturas robustas a governos estaduais são um trunfo importante para os candidatos a presidente, ao lado do tempo para fazer propaganda na televisão e da capacidade de arrecadação de dinheiro para a campanha.
Campos ainda patina em dois desses quesitos. O tempo reservado para sua candidatura na propaganda eleitoral no rádio e na televisão deverá ser o menor entre os três principais presidenciáveis -pouco mais de 2 minutos em cada bloco de 25 minutos.
Nos Estados, muitas campanhas apresentam fragilidade, há candidaturas indefinidas e em alguns casos Campos pode ser obrigado a pegar carona com candidatos a governador que estão comprometidos com o apoio a seus rivais na corrida presidencial.
Nos dez maiores Estados brasileiros, que reúnem 75% da população do país, o único em que o PSB tem um candidato com ares de favorito é Pernambuco, reduto de Campos, que governou o Estado de 2007 até abril deste ano.
Lá, o presidenciável patrocina a candidatura de seu ex-secretário da Fazenda, Paulo Câmara, numa tentativa de reeditar o sucesso obtido nas eleições municipais de 2012, quando levou à vitória, na disputa pela Prefeitura do Recife, outro ex-secretário de seu governo, Geraldo Júlio.
Em São Paulo e Minas Gerais, as opções de Campos são lançar um candidato próprio, e com baixíssimas chances de vitória, ou unir-se às candidaturas tucanas, que na corrida presidencial tendem a privilegiar o apoio ao senador Aécio Neves (PSDB-MG).
A divisão de palanques com Aécio deverá se repetir também nos Estados do Paraná, Pará e Maranhão.
No Rio de Janeiro, Campos deverá se escorar no palanque do deputado federal Miro Teixeira, do Pros, partido recém-criado que está fechado com a campanha da presidente Dilma Rousseff (PT).
Na Bahia, a senadora Lídice da Mata (PSB) terá a tarefa de superar o até agora favorito Paulo Souto (DEM) e o candidato do governador Jaques Wagner (PT), Rui Costa.
"Não adianta inventar palanques. A realidade é que temos um candidato que quer unir o país e pode fazer composições, desde que com coerência", afirma o deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), pré-candidato ao Senado.
MARINA
Nomes fortes para o Senado são uma das maneiras de tentar driblar as fragilidades nos palanques estaduais. Além de Albuquerque, outras apostas são o ex-atacante Romário, no Rio, e a ex-corregedora nacional de Justiça Eliana Calmon, na Bahia.
Mas a principal expectativa é obter a transferência de votos da ex-senadora Marina Silva, que recebeu 19,6 milhões na eleição presidencial de 2010 e foi escalada para ser vice na chapa de Campos.
"Ninguém menospreza a importância das estruturas nos Estados, mas em uma eleição de mudança, temos que recorrer a formas não convencionais", afirma o coordenador da campanha de Campos, Carlos Siqueira.
Para ele, o PSB poderá contar com a internet e o apoio de movimentos sociais para enfrentar essas dificuldades.