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Um dos sócios da Global é o empresário Fernando Mendonça, investigado pelas relações com o empresário Junior Mendonça, pivô da Ararath. Além dele, também é sócia da empresa Ariane Victor de Matos Mendonça, filha de Fernando e funcionária do gabinete do senador Pedro Taques (PDT).
Conforme as investigações da PF, 5 pessoas controlavam 4 empresas distintas. São elas Fernando Mendonça, Ariane Mendonça, Raquel Souza Ferreira Rodrigues Mendonça, Leonardo Rodrigues Mendonça e Wesley Mendonça Batista. As empresas são Elany Tradin LLC, Avel Group LLC, Global Participações e Confiança Participações.
Segundo a Polícia Federal, a composição jurídica que figurou como sócias da Global, quando da sua fundação são a Elany Tradin LLC e a Avel Group LLC, ambas estrangeiras e localizadas no mesmo endereço em Nevada, nos Estados Unidos. Porém, na Receita Federal não há registros de sócios e o procurador das empresas foi identificado com o CPF 000.000.001-91. Este número é dado para os contribuintes sem cadastro de pessoa física.
A Elany e a Avel foram registradas no Brasil nos dias 23 de janeiro e 01 de fevereiro de 2006. A data é próxima da abertura da Global Participações Empresariais LTDA, que foi aberta em março do mesmo ano. A Confiança Participações também teve a Elany e a Avel como participantes do quadro societário.
O que se observa é que sempre que uma dessas empresas se retirava da sociedade, era encaixada uma das 5 pessoas do possível esquema. Um exemplo: Raquel Souza Ferreira Rodrigues Mendonça foi incluída no quadro de sócios da Global Participações em 17 de outubro de 2007. Nesta data, havia saído da sociedade a Elany Trading LLC, enquanto Ariane começou a fazer parte da empresa em dezembro de 2008, quando a Avel se retirou.
De acordo com a PF, as empresas Elany e Avel foram criadas nos Estados Unidos em 13 de outubro de 2005, possuem o mesmo representante legal, no caso a MF Corporate, sediada nos Estados Unidos, e são gerenciadas pela Camille Service S.A, empresa localizada no Panamá, conhecido paraíso fiscal.
Nestas investigações, a Polícia Federal aponta que o empresário Wesley Medonça Batista foi administrador e procurador da Global, da fundação até o ano de 2008. Além disso, ele foi procurador da Confiança Participações Empresariais Ltda. Hoje, Mendonça Batista é diretor-presidente do grupo JBS-Friboi, citado no próprio inquérito como uma das maiores empresas mundiais de produção e processamento de proteína animal.
Existem indícios de que as empresas investigadas eram utilizadas para lavar dinheiro levantado através de operações diversas realizadas por Fernando Mendonça em parceria com Junior Mendonça. A legalização deste dinheiro ocorria por meio da remessa ilegal para o exterior.
Em um dos depoimentos prestados em delação premiada, Junior Mendonça chega a citar que o esquema de lavagem de dinheiro, que tinha como personagens políticos de Mato Grosso, utilizava contas no Panamá. Inclusive, afirmou que o secretário chefe da Casa Civil, Pedro Nadaf, havia ido ao país a mando do governador Silval Barbosa (PMDB). O secretário nega e diz que já esteve no Panamá, porém numa missão do Sebrae, há aproximadamente 6 anos.
Embora não tenha sido em momento algum citado nas investigações com qualquer envolvimento na operação, a relação do empresário Fernando Mendonça, por ser doador da campanha do senador Pedro Taques (PDT) em 2012 tem sido recorrente. O parlamentar liderada a corrida ao governo de Mato Grosso pelo bloco de oposição.
Fernando Mendonça e a JBS são considerados os maiores doadores da campanha de Taques. Além disso, a filha de Mendonça é funcionária do gabinete do pedetista. Para o parlamentar, que defende as investigações, não existe problema algum na contratatação de Ariane Victor de Matos Mendonça. Inclusive o fato dela ser sócia da empresa não foi impedimento à nomeação no Senado.