Segundo relatou uma fonte à reportagem, Silval teria dito que "sentiu que havia um desejo de exposição” da situação, com o intuito de constrangê-lo e prejudicar seu governo.
"Fizeram um rebu dentro da sala e o governador disse que aquilo era uma das arbitrariedades mais perversas que já tinha visto"
Em seu relato, ele elogiou, apenas, a postura de um dos delegados da PF, durante a busca em seu apartamento, no Jardim das Américas, em Cuiabá.
"O governador disse que a PF não encontrou nada em seu apartamento, e que o delegado o convidou para ir até a sede da PF para fazer uma declaração sobre a arma de sua propriedade, que estava com o registro vencido", disse a fonte.
Pelo que a reportagem apurou, o governador se sentiu "vítima de arbitrariedade", a partir do momento em que estava em uma das salas da Superintendência da PF.
A fonte do MidiaNews relatou que uma das procuradoras da República teria dado voz de prisão a Silval.
"Ele compareceu, de forma espontânea, à delegacia para fazer a declaração do porte de arma. Foi quando entrou na sala uma procuradora do Ministério Público Federal, que lhe deu voz de prisão, mesmo contra a vontade do delegado da Polícia Federal", relatou.
Neste momento, segundo a fonte, começou um "tumulto" entre os advogados de Silval e os procuradores.
Segundo o relato, todos estavam nervosos, já que o entendimento dos advogados de defesa era de que, nem o delegado, nem a procuradora, teriam competência legal para dar voz de prisão e determinar a fiança pela posse irregular da arma - mas sim apenas uma decisão do Superior Tribunal de Justiça.
“Fizeram um rebu dentro da sala e o governador disse que aquilo era uma das arbitrariedades mais perversas que já tinha visto”, contou a fonte.
A procuradora do MPF que teria dado a voz de prisão contra Silval também tentou, segundo a fonte, estipular em R$ 300 mil o valor da fiança. Um delegado decidiu que o valor fosse de R$ 100 mil (pagos pelo governador).
Segundo a fonte, Silval estuda a possibilidade de entrar com uma representação contra a procuradora da República.
O caso
Silval foi detido durante busca e apreensão em seu apartamento. Os agentes procuravam um caderno com supostas anotações sobre o esquema de lavagem de dinheiro investigado na Operação Ararath.
Em depoimento, durante "delação premiada", o empresário Júnior Mendonça, pivô da operação, afirmou que foi procurado por Silval, durante a campanha eleitoral de 2010. O governador, segundo ele, lhe pediu R$ 7 milhões emprestados.
O dinheiro seria usado na campanha eleitoral de reeleição, em que enfrentava o atual prefeito de Cuiabá Mauro Mendes (PSB).
Mendonça relatou, nos autos, que emprestou “apenas” a quantia de R$ 4 milhões, cobrando juros de 3% ao mês.
O caderno não foi encontrado, mas sim uma pistola 380 com documento vencido.