Operários das obras do Centro Oficial de Treinamento (COT) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em Cuiabá, e da Barra do Pari, em Várzea Grande, região metropolitana da capital, entraram em greve por tempo indeterminado nesta quarta-feira (9). De acordo com José Antônio Jacinto, encarregado de carpintaria do COT da UFMT, a empresa reduziu o percentual pago por produção dos trabalhadores e ainda atrasou o pagamento de salário referente ao mês passado e, por isso, houve a paralisação.
O G1 tentou entrar em contato com a Engeglobal, empresa responsável pela obra, porém até o fechamento desta reportagem o representante não atendeu as ligações.
O encarregado da obra informou que pelo menos 40 operários aderiram à paraliação e se encontram reunidos na UFMT para protestar. "Já tentamos contato com a empresa, mas eles não falam com a gente, não conversam”, afirmou. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil de Cuiabá e Municípios (Sintraicccm), os operários alegam que a empresa encarregada pela obra não estaria cumprindo os acordos trabalhistas.
“Chegou um engenheiro da empresa e fixou um cartaz dizendo que a empresa não pagaria extras e nem a produção. Com isso, tem operário que vai ter redução de 80% no salário. Como vamos viver com isso?”, reclamou José Jacinto.
Conforme o sindicato, os trabalhadores protestam contra a decisão do consórcio responsável pela obra de deixar de pagar o percentual pela produção a partir do salário de agosto, repassando apenas o piso salarial. Essa redução implicaria na redução salarial, no caso dos carpiteiros, de R$ 2.300,00, incluindo o percentual pago pela produção, para R$ 1.108,00.
Outra denúncia dos operários é em relação ao recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), que não estaria sendo depositado. Conforme o sindicato, a categoria também denunciou casos de desvio de função e descontos indevidos no holerite. “Assinamos o nosso holerite na segunda-feira [7] e até agora o salário não caiu na conta”, afirma o encarregado da obra.
Em março deste ano, cerca de 190 funcionários da COT da UFMT haviam paralisado as atividades para reivindicar o pagamento de salários atrasados e melhores condições de trabalho. Além de atraso no salário, os operários reclamavam das condições precárias de trabalho, como falta de água, banheiros entupidos, alimentação inadequada, horas extras não contabilizadas e ponto batido por terceiros. No final do mês de fevereiro, o Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil de Cuiabá denunciou as más condições de trabalho nas obras do COT da UFMT aos órgãos trabalhistas.
À época, o presidente da empresa Engeglobal, Robério Garcia, admitiu que o canteiro de obras precisava de adequação, já que o número de funcionários havia aumentado nos últimos meses. Quanto aos outros itens reclamados pelos trabalhadores, ele negou a existência e garantiu que iria checar, principalmente a questão do ponto.
Mais de 200 operários do COT da Barra do Pari também paralisaram as atividades no início de maio deste ano, para reivindicar contra a redução salarial e corte nas horas de produção, até mesmo denunciam casos de desvio de função de trabalho. Nessa época, a empresa responsável pela obra pediu o prazo de três dias para regularizar a situação.