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Quinta - 21 de Julho de 2016 às 19:10
Por: Isabela Boscov/Veja.com

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(Divulgação/‘Dois Caras Legais’: comédia de detetive amalucada e pé-sujo)
PASTELÃO NOIR - Gosling e Crowe: camaradagem masculina em meio ao espalhafato da década de 70
PASTELÃO NOIR - Gosling e Crowe: camaradagem masculina em meio ao espalhafato da década de 70

O diretor Shane Black, de Beijos e Tiros e Homem de Ferro 3, é um espírito anárquico — menos no sentido político do termo, e mais (bem mais) na sua vertente da palhaçada e zombaria. Black é também um fetichista: adora o espalhafato da década de 70, o hedonismo californiano, as histórias de detetives pés de chinelo à moda do escritor Elmore Leonard e, entre outras coisas mais, a camaradagem masculina (como roteirista, ele forjou a celebérrima parceria de Mel Gibson e Danny Glover na série Máquina Mortífera). Dois Caras Legais (The Nice Guys, Estados Unidos, 2016), que estreia no país nesta quinta-feira, é o liquidificador em que Black bate essa bagunça colorida de obsessões. O coquetel resultante carece um tanto de harmonia. Mas tem sabor: como um fortão de aluguel e um detetive particular medroso, Russell Crowe e Ryan Gosling descobrem uma química efervescente que nada deve à de, digamos, Cary Grant e Rosalind Russell — e que a certa altura ganha uma notinha ácida na figura da menina Angourie Rice, que faz a filha de Gosling.

Encarregados de investigar a morte de uma atriz pornô na Los Angeles de 1977, Crowe e Gosling vão, de trapalhada em trapalhada, envolvendo-­se numa trama que junta uma ativista desmiolada, as montadoras de Detroit, um assassino com uma pinta igual à do John Boy de Os Waltons e Kim Basinger como uma mandachuva do Departamento de Justiça (outra piscadela do diretor/roteirista: reunir numa mesma cena Kim e Crowe, os amantes de Los Angeles — Cidade Proibida). Crowe, cujo peso corporal hoje anda par a par com seu peso dramático, bate em muita gente; Gosling apanha de todo mundo. E a coisa toda culmina em uma sequência frenética em um hotel, durante a qual uma lata de filme rola, voa, some e reaparece. Nem tente entender: a receita deste pastelão noir é irreplicável.





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