Acusado de extorquir políticos e empresários de Mato Grosso, o jornalista Max Feitosa Milas está internado no Centro de Recuperação para Dependentes Químicos e alcoólatras JKR. Entre suas vítimas estão o ex-governador Silval Barbosa e o ex-secretário de Estado Pedro Nadaf, conforme investigou a "Operação Liberdade de Extorsão". O laudo médico alegando insanidade do cliente após tentativa de suicídio foi protocolizado nesta sexta-feira (22) junto a magistrada da Sétima Vara Criminal, Selma Rosane Arruda, pelo seu advogado Marco Antônio Dias Filho. No procedimento, é pedida a rogação das medidas cautelares hoje impostas ao réu.
Segundo o laudo, protocolizado esta tarde, o jornalista iniciou seu tratamento por determinação da família nesta terça-feira (19) e tem previsão de auta no dia 08 do próximo mês. A Clínia JKR é a única do Estado que aceita internações compulsórias.
O jornalista aponta o uso compulsório de tornozeleira eletrônica, por determinação judicial, como agravante para seu problema de depressão, "prejudicando assim o resultado do tratamento, isto porque o paciente alega não ser bandido para ter que passar por uma situação como esta", consta do laudo obtido com exclusividade por Olhar Jurídico.
No documento, "o paciente relata que ficou 54 dias no sistema prisional como cumprimento de ordem jurídica por fatores ligados ao ramo de atuação profissional. Nesse período de cárcere, seus responsáveis informaram que mesmo já tinha tentado contra sua própria vida dentro do próprio sistema prisional".
Em março deste ano o Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou a revogação das medidas cautelares impostas ao réu, que inclui uso de tornozeleira eletrônica. Por decisão da magistrada da Sétima Vara Criminal, Selma Rosane Arruda, o réu obteve o direito de participar da 52ª Expoagro e do 1º encontro de Gastronomia Gourmet Unicesumar.
A “Operação Liberdade de Extorsão” cumpriu seis mandados de prisão (4 preventivas e 2 temporárias), expedidas pela Vara Especializada do Crime Organizado do Fórum de Cuiabá. Todos foram interrogados nos próximos dias pelo delegado Anderson Veiga. Participaram da operação policiais civis da Delegacia Fazendária, unidades da Diretoria de Atividades Especiais e policiais da Diretoria de Inteligência.
Entenda o Caso:
Max é acusado pelo Ministério Público de, junto com Antônio Carlos Milas, Antônio Peres Pacheco, Haroldo Ribeiro, Maycon Feitosa Milas, e Naedson Martins da Silva, extorquir políticos e empresários de Mato Grosso.
Conforme os autos, os réus utilizavam a empresa Grupo Milas de Comunicação como suporte para a prática das extorsões. Constam como vítimas arroladas ao processo: o ex-governador, Silval da Cunha Barbosa; O ex-secretário de Casa Civil, Pedro Jamil Nadaf; José Ari de Almeida, Filinto Muller, Emmanuel de Araújo, Marilena Aparecida Ribeiro, Alla Exupery de Araujo, Leonardo da Silva Cruz, Pascoal Santullo, Sidnei Garcia e Willian Paulo Mischur.
A denúncia teve origem no Inquérito Policial instaurado pela Delegacia Especializada de Crimes Fazendários e Administração Pública, cujas investigações se originaram de ofício encaminhado pela prefeitura de Cuiabá, informando sobre suposta quebra de sigilo fiscal da empresa Stelmat Teleinformática Ltda.
Em análise ao Sistema de Gerenciamento de Arrecadação (GAT), constatou-se que o servidor Walmir Correa estaria realizando acessos indevidos ao sistema, com a finalidade de obter informações de diversas empresas, inclusive da Stelmat Teleinformática Ltda.
Encerradas as investigações, a autoridade policial apurou que havia um esquema criminoso enredado pelos denunciados, os quais, de posse das informações obtidas ilegalmente do banco de dados da prefeitura, praticavam o crime de extorsão contra empresários e políticos do Estado.
Antonio Carlos foi reconhecido como o líder do grupo, sendo ele, segundo o MPE, o responsável pela escolha das vítimas, bem como por marcar as reuniões. Os acusados Max e Maycon, ambos filhos de Antonio Carlos, eram os responsáveis pelas as pesquisas no sistema da prefeitura, nas quais utilizavam a credencial do servidor Walmir Correa. A extração das informações que seriam utilizadas para a extorsão também era esporadicamente praticada por Antonio Peres, Haroldo e Naedson.
Por sua vez, ainda segundo o MPE, Antonio Carlos, Max e Maycon eram os responsáveis pelas visitas às vítimas, nas quais eram apresentadas os documentos e posteriormente eram constrangidas a firmar contrato de aquisição de mídia ou ainda, efetuar pagamento de vantagem pecuniária a título de patrocínio para a empresa dos réus, sob a ameaça de divulgação das informações fiscais sigilosas nos veículos de comunicação pertencentes à família.