Para ajudar os produtores rurais a enfrentar os problemas causados pela nova praga que invadiu as lavouras brasileiras, a Helicoverpa Armigera, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Piauí (SENAR-PI) criou o curso Formação Básica de Monitores de Praga – ênfase na Helicoverpa Armigera. A entidade iniciou o projeto com a elaboração de um manual do instrutor, uma apostila para os alunos e de plano instrucional, além da capacitação de 16 instrutores previamente selecionados na Universidade Federal do Piauí, campus de Bom Jesus.
O superintendente da entidade, Paulo Emílio do Rêgo Monteiro, explica que o curso foi estruturado com apoio de quatro profissionais doutores em entomologia (ciência que estuda os insetos), que ministraram a capacitação técnica para os instrutores. “Os nossos profissionais receberam capacitação metodológica, promovida pelo SENAR, e técnica, promovida pelos especialistas, com diversos assuntos que vão ajudar o produtor a reconhecer e combater a Helicoverpa Armigera. Nossa intenção é ajudá-los a monitorar bem as culturas para tomar a decisão correta sobre aplicar ou não defensivos agrícolas.”
O Senar Piauí formou a primeira turma de monitores de pragas no município de Baixa Grande do Ribeiro, na Fazenda Ipê. Segundo o superintendente, qualquer produtor que tiver interesse no treinamento de seus colaboradores, pode solicitar ao SENAR a participação no curso. “O custo de produção aumentou muito com essa nova praga. Por isso, quem precisar pode nos procurar, a demanda é voluntária,” destaca. Na próxima semana, Paulo Emílio afirma que o Senarrealizará o treinamento em propriedades do município de Santa Filomena.
O curso tem 40 horas/aula. Dentro dessa carga horária o Senar Piauí elencou temas importantes como o resgate da história da praga no Brasil e no mundo, como distinguir a Helicoverpa, como é o ciclo (ovo-larva-adulto-pupa), como usar armadilhas e reconhecer os inimigos naturais da praga, entre eles, insetos predadores, parasitoides, vírus, fungos e bactérias, estes últimos perceptíveis em lagartas mortas nas culturas, e ainda informações sobre o papel do monitor e do manejador de pragas.
Para o treinamento em campo, o Senar disponibiliza um kit com caixas entomológicas com os insetos na fase adulta, além de frascos com larvas em solução e pupa, que é o estágio intermediário entre a larva e o adulto, no desenvolvimento de certos insetos que passam por metamorfose completa. Na fase de pupa, a Helicoverpa Armigera entra no solo e depois do processo de metamorfose, vira mariposa e volta para a natureza.
Paulo Emílio ressalta que a entidade vai formar novos instrutores à medida que houver uma maior demanda. “Atualmente todo o Sul do estado está tomado pela praga. Mas os profissionais que foram treinados vão atender os casos atuais e a intenção é capacitar novos, caso haja necessidade, e manter esses 16 atualizados em tudo que se refere à Helicoverpa.”
Para reforçar o combate à praga, o Senar Piauí estará com um estande na Expoapi, de 8 a 15 de dezembro, no Parque de Exposições Dirceu Arcoverde, em Teresina. A entidade montará um espaço para esclarecer tudo sobre a helicoverpa com vídeos, cartazes, folders e amostras da praga. “Será um espaço onde os produtores terão a oportunidade de conhecer e saber identificá-la e possam se preparar para ações apropriadas de controle na propriedade, além de alertar seus vizinhos e comunicar as entidades competentes”, revela o superintendente do SENAR-PI.
Nesta sexta-feira (6) o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) decretou estado de emergência fitossanitária no estado, devido ao surto da lagarta. Com isso, as propriedades atacadas pela Helicoverpa podem adotar as medidas previstas na Portaria nº 1.109, de 7 de novembro, que estabelece as diretrizes para o manejo integrado da lagarta. Dentre elas o vazio sanitário, a adoção de áreas de refúgio e a destruição de restos culturais.