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Internacional
Sábado - 07 de Dezembro de 2013 às 20:59

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Apesar de ter ficado preso entre 1964 e 1990, o exemplo e o incansável espírito de Nelson Mandela serviram de inspiração para a luta pela igualdade nos Estados Unidos por várias gerações. O ativismo americano não pode ser entendido sem a influência da figura de Mandela: seu exemplo definiu a luta pelos direitos civis nos anos 60, a da população imigrante desde César Chávez até hoje, e fez acreditar na possibilidade real de um presidente afro-americano na Casa Branca.


 
Segundo o pastor da Igreja Batista Jesse Jackson, a luta pelos direitos civis e a luta do povo sul-africano andam de mãos dadas. Ambos, Martin Luther King e Nelson Mandela, estiveram na prisão em 1963, ambos foram perseguidos, ambos escolheram reconciliação sobre vingança.

 
 
Em julho de 1964, um mês depois de Mandela ser condenado à prisão perpétua na África do Sul, os EUA viveram um momento histórico com a promulgação da Lei de Direitos Civis, que pôs fim à segregação racial, que como o apartheid relegava os negros a cidadãos de segunda classe. Já o congressista democrata Charles Rangel, que conheceu pessoalmente Mandela, disse que a influência do prêmio Nobel da Paz foi vital para acelerar a igualdade racial nos EUA e "acabar com o mito (muito presente nos anos 60) de que os africanos são inferiores".
 

 
A personalidade excepcional de Mandela não só inspirou a reprimida comunidade negra na agitada década de 60, mas sua influência se estende aos movimentos de protestos não violentos de qualquer índole, servindo de inspiração ao primeiro presidente afro-americano do país, Barack Obama. Em 1981, Obama, um desconhecido estudante de colégio universitário na Califórnia, pronunciou seu primeiro discurso de ativismo político contra o apartheid. Era uma época na qual as reivindicações pela igualdade de direitos na África do Sul se somavam naquele estado à desobediência civil dos hispânicos e dos homossexuais.


 
"Da mesma forma que muitos no mundo todo, não posso imaginar minha vida sem o exemplo que foi para mim Nelson Mandela", disse Obama na Casa Branca em mensagem de condolências pela morte de Madiba, na qual lembrou esse episódio de sua vida. Aquele protesto contra o apartheid foi uma das muitas que aconteceram nos campi de todo os EUA desde o final dos anos 70 para pedir às empresas norte-americanas para não investir nem manter relações comerciais com o opressivo sistema dos africâneres na África do Sul.


 
Esses protestos motivaram manifestações em Washington de milhares de pessoas, negras, brancas, homens, mulheres, progressistas e conservadores, para defender dentro e fora do país a causa da igualdade como parte indispensável de uma democracia. Em 1986, em frente à embaixada da África do Sul em Washington, onde hoje são depositadas oferendas diante de uma recém-inaugurada estátua de Mandela, centenas de americanos se manifestaram pacificamente contra a África do Sul do apartheid e para pedir ao presidente republicano, Ronald Reagan, que não vetasse sanções econômicas contra esse país, que finalmente foram aprovadas pelo Congresso em outubro.


 
Em 1990, políticos, ativistas e um grande número de americanos de todas as raças utilizaram a libertação de Mandela de sua prisão de 27 anos para iniciar uma carreira política rumo à reconciliação do país, que não esteve ausente de problemas e conflitos. O fim oficial do apartheid demonstrou aos movimentos das minorias e pelos direitos humanos que a perseverança e a luta por uma causa justa podem dar frutos apesar dos obstáculos. 


 
O olunista do jornal The New YorkerHendrik Hertzberg dissse neste sábado (7) que um gigante político e moral como Nelson Mandela raramente aparece mais de uma ou duas vezes em cem anos.




Fonte: EFE

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