O empresário do ramo de factoring e de distribuição de combustível Gércio Marcelino Mendonça, ou simplesmente Júnior Mendonça, foi destaque como pivô da quinta fase da operação Ararath, deflagrada pela Polícia Federal no dia 20 de maio. Operador do que a Justiça Federal chamou de “banco clandestino”, ele denunciou os antigos companheiros de negócios em troca de benefícios.
Contudo, os problemas criminais dele começaram em 2008. Na ocasião, O Grupo de Atuação Contra o Crime Organizado (Gaeco) deflagrou a operação “Madona”, após dez meses de investigação, para desarticular um suposto cartel dos combustíveis em Mato Grosso. A ação resultou em um processo iniciado em 2011 contra 27 pessoas, entre eles Gércio Marcelino, o Júnior Mendonça.
Conforme as investigações do Gaeco, Júnior Mendonça utilizava do poder econômico para pressionar os postos de combustíveis que não queriam participar do esquema. Junto com seu pai, Júnior Mendonça também é um dos sócios da rede Amazônia Petróleo, empresa pela qual operou vários empréstimos.
Atualmente a ação contra Júnior Mendonça está suspensa devido a decisão em caráter liminar do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que analisa dois Habeas Corpus. O STJ aguarda envio de informações do Tribunal de Justiça para dar seguimento aos trâmites nos HC’s, ambos impetrados ainda em 2011 e até hoje sem decisão final. Além disso, em recurso, o TJMT julgou ilegal uma série de provas e, por consequência, as prisões realizadas à época.
Empresário ligado ao ramo do combustível, já foi dono das extintas empresas Pneu Center e Rodão Center, que ficavam em Várzea Grande. Em 2002 tornou-se sócio do irmão na factoring “Globo Fomento Mercantil”, que encerrou atividades em 2012, com a dissolução da sociedade. Junto do pai, Gércio Marcelino Mendonça, faz parte da Rede Amazônia Petróleo.
Agora, Mendonça foi alvo da primeira fase da Operação Ararath, quando vários escritórios da empresa Amazônia Petróleo e sua casa, uma cobertura de luxo no condomínio Maison Paris, em Cuiabá, foram alvos de busca e apreensão da Polícia Federal, por suspeita de envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo uma movimentação de mais de R$ 500 milhões.
Através de sua assessoria jurídica, Júnior Mendonça confirmou que aceitou o benefício da delação premiada, e começou a denunciar todos os antigos envolvidos no esquema de empréstimos ilegais. Dentre os acusados estão o governador Silval Barbosa (PMDB) e o prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes (PSB), os quais teriam usado dinheiro do delator em campanhas políticas.
Mendonça também citou inúmeros ex-secretários e deputados estaduais, além de proeminentes empresários de Cuiabá. O presidente afastado da Assembleia Legislativa, José Riva, chegou a ser preso, mas foi solto após quatro dias e três noites. O ex-secretário de Estado Éder Moraes, que segundo Júnior Mendonça teria operado uma verdadeira conta corrente ilícita em prol do grupo político do governo, continua preso.