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Economia
Segunda - 02 de Dezembro de 2013 às 22:32

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A Petrobras teve nesta segunda-feira (2) seu maior tombo diário na Bolsa desde a crise de 2008, diante da decepção do mercado com o reajuste da gasolina e do diesel anunciado na última sexta-feira e com a falta de detalhes sobre a nova política de preços da estatal.



 
Os papéis mais negociados da companhia fecharam em queda de 9,21%, a R$ 17,36, enquanto os ordinários (menos negociados, com direito a voto) registraram desvalorização de 10,37%, a R$ 16,42. Foi a maior perda diária de ambos os papéis desde 12 de novembro de 2008, quando perderam mais de 13% cada.



 
As ações da estatal, juntas, representam cerca de 12% do principal índice de ações da Bolsa brasileira, o Ibovespa, que fechou em 51.244 pontos, queda de 2,36% --maior perda diária desde 30 de setembro deste ano, quando cedeu 2,61%.



 
Na última sexta-feira (29), a Petrobras aprovou uma nova política de preços, que começou com um aumento de 4% para gasolina e 8% para o diesel, nas refinarias. Nos postos, o aumento da gasolina ficou perto de 2%. Para o diesel, de 5%.



 
Em nota, a estatal deixou claro que os critérios de reajuste não serão divulgados, mas disse que o modelo irá garantir a "convergência dos preços internacionais dos combustíveis ao mercado doméstico". Esse processo é considerado essencial por especialistas para que a empresa reduza o prejuízo e consiga manter seu modelo de negócios.



 
"O percentual do reajuste deixou a desejar, mas o mercado ficou mais frustrado com a nova política de preços. Não houve detalhes sobre o acordo entre a empresa e governo e, na avaliação do mercado, foi perdida a chance de mudar a postura de falta de clareza nas decisões da empresa", diz Luana Helsinger, analista do GBM (Grupo Bursátil Mexicano).



 
Para Luana, a não transparência sobre os detalhes da política de preços da Petrobras é uma forma de o governo se proteger. "Se ele de fato divulgasse uma fórmula para os reajustes, o mercado o cobraria para que essa conta fosse seguida a risca. E poderia ser um tiro no pé", afirma.


 
Segundo analistas, a frustração dos investidores motivou uma correção de ganhos recentes das ações da Petrobras, motivados pela expectativa de aprovação da fórmula de preços mais previsível.


 
De agosto a novembro, por exemplo, as ações mais negociadas da estatal acumularam ganho de 17,4%, já descontando a perda de 6,29% registrada na terça-feira passada (26), após a Folha ter noticiado que a presidente Dilma Rousseff estava resistente a autorizar uma fórmula de reajuste automático de preços pela Petrobras.



 
AVALIAÇÕES



 
"O reajuste foi abaixo do que a Petrobras precisa para fechar o "gap" em relação aos preços internacionais [dos combustíveis] e acabar com as perdas", diz Marcos Sequeira, do Deutsche Bank, em relatório. "O mercado deve temer que essa pode ser o último aumento dos preços até a eleição presidencial de 2014", acrescenta.


 
Segundo o analista-chefe da XP Investimentos, William Alves, "a companhia permanecerá sendo afetada [pela diferença dos preços], destruindo valor para os acionistas, pois diesel representa 42% da composição das receitas com venda de derivados e gasolina representa 24%".


 
Por esse motivo, Alves recomenda a venda dos papéis da Petrobras, e diz que as ações ordinárias da estatal tendem a sofrer mais, "pois não se vislumbra o retorno do pagamento de dividendos (parte do lucro distribuída aos acionistas) para esta classe de ativos".


 
A equipe de análise do Citigroup rebaixou a recomendação às ações da estatal de compra para neutra, ressaltando que o reajuste anunciado veio menor do que eles projetavam.


 
O reajuste também não agradou o BGT Pactual: "Não sabemos se este é um sinal do tamanho médio das altas dos preços no futuro", dizem Gustavo Gattass e Stefan Weskott em relatório.


 
DÓLAR EM ALTA


 
No câmbio, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou em alta de 0,98% em relação ao real, cotado em R$ 2,357 na venda --maior valor desde 3 de setembro deste ano, quando ficou em R$ 2,383.


 
Segundo operadores, o movimento reflete a cautela dos investidores com o cenário fiscal brasileiro e a possível redução dos estímulos monetários americanos em breve. Além disso, o cenário negativo do mercado de ações impulsionou a demanda por aplicações consideradas mais seguras, como o dólar, o que deu força para a alta da moeda.


 
Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, avançou 0,77%, a R$ 2,355 --maior valor desde 4 de setembro deste ano, quando ficou em R$ 2,356.


 
O Banco Central deu continuidade pela manhã ao seu programa de intervenções diárias no câmbio para aumentar a liquidez do mercado e segurar a alta da moeda americana.





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