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Ciência e Pesquisa
Sábado - 30 de Novembro de 2013 às 19:14

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Diante dos mistérios da vida, o homem olha para o céu em busca de respostas. Haveria, entre nossos sentidos - ver, ouvir, sentir - mais do que podemos comprovar? Nascemos e morremos. É sempre assim.


 
E, neste mundo agitado, materialista, pra onde vamos nós, quando a luz da vida se apaga?


 
Mistério. Difícil não citar a fé, as crenças - ou a falta delas - quando falamos de morte.


 
O que nos vem à mente? Tristeza. Saudade. Medo. Seria mesmo o fim de tudo?


 
Porque a morte é cercada de tantos mistérios? E o que vem depois dela? Será que deixamos de existir por completo? Há vida além desta vida? E se existe, será que é possível se comunicar com quem já morreu? Perguntas no mínimo intrigantes. Mistérios que a ciência tenta explicar.


 
Nicole. Moça rica, bonita e com uma doença terminal.


 
Tales. Jovem, conquistador, oportunista.


 
Na novela "Amor à Vida", o casamento planejado para ser um golpe se transforma em amor verdadeiro. Mas era tarde demais.


 
Como um sentimento poderia vencer a morte? Na ficção, Tales teve sua chance. E conseguiu reencontrar a amada. Mas e na vida real, encontros como este seriam possíveis?


 
O psicólogo Mário Oliveira acredita que viveu um encontro além da vida. Mário era um bem sucedido engenheiro eletrônico, no Rio de Janeiro. Depois de oito anos de namoro, ele e Cláudia decidiram se casar. Mas a felicidade durou pouco.


 
“Quando nós casamos. Ela veio a ter um diagnóstico de câncer. Um melanoma já grave, nas costas. E a indicação que os médicos deram é que ela iria morrer em seis meses”, lembrou Mário Oliveira, psicólogo.


 
Cláudia não quis saber de hospital. Fez questão de ser tratada em casa, ao lado do marido. E viveu por mais dois anos.


 
“Faleceu e a gente fica naquela situação, o que é a morte. Eu, como um engenheiro na época, não entendia o que era a morte”, contou Mário.


 
Mário perdeu o rumo. Se isolou de todos. Os meses foram passando, mas o tempo não apagava a dor.
“O trabalho ficou bem aquém do que eu era antes. Quer dizer, volta e meia, me via só pensando nisso. Final se semana, minhas relações eram sempre com alguém pra poder desabafar”, disse o psicólogo.


 
Foi então que Mário conheceu a conscienciologia. Seus seguidores a consideram uma ciência.


 
A conscienciologia acredita na reencarnação e no encontro de pessoas que já morreram. Seriam as chamadas viagens fora do corpo.


 
“Uma dessas vezes, treinando em casa, acordei, de manhã, bem cedinho, e voltei a dormir. Nesse interim, eu me vejo fora do corpo, próximo a cama e a minha ex-mulher ela se apresenta na minha frente e com um ramo de flores me entregando. E toda aquela angustia que eu passava que eu sentia aquilo foi esvaziado, sumiu, de uma hora pra outra. Aí, ela seguiu o caminho dela e a gente também, no meu caso, também segui o meu caminho”, revelou Mário.


 
Foi uma mudança radical. Mário não só deixou o emprego que tinha no Rio de Janeiro, como decidiu trocar de cidade e abandonar a engenharia.


 
Queria estudar mais sobre aquele grupo que falava da existência de outras vidas e de encontros com espíritos. E foi parar em Foz do Iguaçu, no Paraná.


 
Lá, funciona o Centro Internacional de Conscienciologia, um lugar onde segundo os organizadores o ser humano a alma, o espirito, a inteligência, a consciência são os focos das pesquisas. Onde se tenta estudar o passado para entender o presente e também os sentidos do caminho entre a vida e a morte.


 
Na vizinhança do Centro de Conscienciologia, nomes estranhos como Cognópolis e Cosmoética identificam ruas e condomínios.


 
São palavras novas, criadas pelos frequentadores do centro para explicar fenômenos estudados lá. Já seriam quase três mil novos verbetes.


 
O mestre desta nova ciência no Brasil é o mineiro Waldo Vieira. Formado em medicina e em odontologia, Waldo coordena 50 grupos de pesquisadores.


 
“Tudo tem uma causa. Todo efeito tem uma causa. Tem que ter uma causa primária, uma inteligência suprema atrás disso tudo. Quem é que sabe? Eu não sei. Você sabe?”, indagou Waldo Vieira, professor.


 
Durante dez anos, Waldo Vieira trabalhou com o médium Chico Xavier de quem se afastou por não concordar com dogmas do espiritismo. Mas a conscienciologia guarda muitas semelhanças com a doutrina espírita.


 
Os seguidores defendem que precisamos passar por várias vidas para que nossa alma consiga evoluir. E a receita deste progresso espiritual estaria em fazer o bem.


 
“Se você teve uma vida que você assistiu muita gente, você não volta para aquela procedência, você vai para uma comunex mais evoluída, que é uma comunidade extrafísica mais avançada. E assim que é a evolução”, afirmou Waldo Vieira.


 
O que se vê em um auditório não se trata de uma reunião de pessoas para um debate ou um grupo de estudo. Cada um tem um tipo de questionamento. A maioria deles já passou por experiências consideradas curiosas, estranhas, inexplicáveis. Será que lá elas estão encontrando o que procuram?
O professor de inglês, o neozelandês Jeffrey Lloyd, acredita estar no caminho certo. Jeffrey queria entender o sentido da vida e desenvolver um dom especial que diz ter desde a infância.


 
“Eu percebo as energias do ambiente. Eu percebo as energias das pessoas”, contou Jeffrey Lloyd, professor de inglês.


 
O professor trabalhava como consultor de uma empresa na Austrália quando decidiu se juntar aos pesquisadores da conscienciologia. Morando há um ano e meio em Foz do Iguaçu, ele afirma que a mudança valeu a pena.


 
“Com o tempo, você fica muito calmo, feliz, satisfeito”, diz Jeffrey.


 
O ex-engenheiro Mário, o viúvo que se mudou para Foz e, agora, é psicólogo, também não tem mais dúvidas.


 
Mário encontrou um novo amor, a Adriana, com quem acabou se casando. Para ela, nada nessa história seria por acaso.


 
“Se a gente começa a pensar em múltiplas vidas, a gente vê que ninguém está se encontrando pela primeira vez. como provavelmente eu tenha uma relação até com a primeira esposa dele, então, é o grupo karma que vai se trocando ali. Então, isso acabou sendo de uma forma natural”, ressalta Adriana Lopes, professora.


 
Encarar com naturalidade a possibilidade de vida após a morte e buscar respostas para coisas que parecem indecifráveis são desafios que a conscienciologia tenta superar por meio de exercícios individuais.


 
O Centro de Conscienciologia mantem 16 laboratórios para experiências individuais. Um, por exemplo, é o de retrocognições. Em uma sala, durante três horas e meia, a pessoa fica sozinha concentrada e faz uma espécie de viagem mental. Utiliza técnicas próprias que poderiam ajudá-la a lembrar, descobrir, o que foi em vidas passadas.


 
A publicitária Mabel Teles já passou por muitos destes experimentos.


 
“Não sei exatamente que época era, mas eu me vi, mais de uma vez, eu era um garoto, e eu andava naquelas carroças antigas, e eu participava de uma trupe de saltimbancos”, lembrou Mabel Teles, publicitária.


 
Mas Mabel admite:


 
“A imaginação é sempre fértil. É por isso que é importante a gente tomar estes assuntos da paranormalidade, do parapsiquismo, de uma maneira bem tranquila, bem calma, bem ponderada, bem racional, pra que a gente consiga, vamos dizer, resultados mais concretos do que fruto apenas da nossa imaginação”, afirmou a publicitária.


 
Nossa imaginação pode superar todas as expectativas, mas será que é capaz de nos levar a viagens por outras vidas?





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