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Polícia Brasil
Segunda - 25 de Novembro de 2013 às 15:12
Por: Laura Petraglia

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 Laura Petraglia - Olhar Direto
Laura Petraglia - Olhar Direto
O presidente do Detran-MT, Gian Castrillon, negou em entrevista ao Olhar Direto a suspeita de que esteja envolvido em tráfico de influência e afastou qualquer relação com magistrados, incluindo o juiz federal Julier Sebastião da Silva, da Primeira Vara Federal. Tanto Castrillon quanto Julier foram alvo nesta segunda-feira de busca e apreensão da Polícia Federal, durante a segunda fase da operação Ararath, deflagrada para combater crimes contra a administração pública e lavagem de dinheiro.


 
Na decisão do desembargador federal Tolentino Amaral, que deferiu os sete mandados de busca e apreensão realizados hoje, ele justifica a autorização paras as buscas na casa e no gabinete do presidente do Detran-MT, Gian Castrillon, por um suposto envolvimento do gestor com magistrado investigado, sem especificar o nome, e, até, tráfico de influência dentro do órgão estadual.


 
“A medida de interceptação telefônica , reiteradamente, demonstrou conduta de relevo penal , de fins de 2011 até os dias de hoje, com (do investigado)... Os elementos trazidos pela interceptação telefônica e demais diligências policiais sustentam questões a demandarem respostas, a exemplo da origem de quantias movimentadas por (investigado), bem como se tais valores foram usados para custear as passagens ao magistrado, bem como veículo por esse usado, mas em nome de (investigado). Assim como demanda por resposta, que influência – em natureza, grau, e reciprocidade – o magistrado tem junto ao órgão (público estadual)”, conta do trecho da decisão.


 
Castrillon refuta também qualquer possibilidade de tráfico de influência de juízes ou desembargadores dentro órgão que preside e diz que durante um ano que está à frete do Detran nunca recebeu sequer uma visita de pessoas ligadas ao Judiciário, nem fez contatos telefônicos.


 
Na casa de Gian foram apreendidos um notebook e algumas agendas velhas. Ele disse que está tranqüilo e tem a consciência limpa sobre as acusações que remontam sobre ele. “Não tenho relação alguma com Julier, apenas de admiração pelo trabalho dele. Não há possibilidade de locar carro em meu nome porque atualmente tenho um Pálio que é financiado, um Mercedes que é o carro que uso e um caminhão. Nunca fiz nem recebi transferência nem fiz para magistrado algum da minha conta corrente e isso fica fácil de provar”, rebateu.


 
Segundo informações da Polícia Federal, a investigação tramita no TRF 1ª Região em razão de possível envolvimento de magistrado nos fatos sob apuração, os quais guardam relação com a Operação Ararath, deflagrada recentemente por ordem da Justiça Federal da Seção Judiciária do Mato Grosso.


 
As investigações referentes à Operação Ararath prosseguem sob segredo de justiça. Os mandados foram expedidos no curso de inquérito judicial instaurado para apurar crimes contra a administração pública e lavagem de dinheiro. 


 
A operação é comandada pelo delegado da seção de Crimes Financeiros da PF, Wilson Rodrigues de Souza Filho. Até o momento dois notebooks já foram apreendidos e as apreensões prosseguem.


 
A Operação


 
A operação Ararath foi deflagrada no dia 12 de novembro, quando a Polícia Federal cumpriu 11 mandados de busca e apreensão para coletar provas materiais e dar continuidade nas investigações de um suposto esquema de lavagem de dinheiro e agiotagem. Entre os locais “batidos” pela PF estavam a cobertura de luxo de Júnior Mendonça, no condomínio Maison Paris, em Cuiabá, e postos de combustíveis da rede Amazônia Petróleo, da qual ele é sócio.


 
Júnior Mendonça era sócio proprietário da factoring “Globo Fomento Mercantil”, empresa que, segundo a PF, foi usada como fachada para negócios de agiotagem e lavagem de dinheiro. 


 
Todas as transações financeiras supostamente ilegais eram movimentadas através de contas da factoring e da rede Amazônia Petróleo. Por enquanto, as investigações detectaram a movimentação ilegal de R$ 500 milhões nos últimos seis anos, mas a quantia pode ser maior.


 
O principal crime consiste no fato de que as empresas de factoring tem natureza estritamente mercantil, com a finalidade principal de assessoria e de compra de títulos de crédito, a fim de fomentar o comércio. Por isso mesmo, não têm autorização do Banco Central para conceder empréstimos, exigir garantias ou exercer quaisquer atividades exclusivas de instituição financeira.


 
A defesa


 
O advogado Maurício Aude, responsável pela defesa de Júnior Mendonça, afirmou que seu cliente irá responder em juízo por todas as acusações e fez questão de salientar que “O ônus da prova cabe a acusação”. Em entrevista anterior, o advogado Murilo Silva Freire, responsável pela defesa do advogado do grupo Amazônia Petróleo, disse que não existem provas contra o seu cliente e que o próprio conteúdo das investigações inocenta Júnior Mendonça. Murilo Freire havia afirmado que seu cliente não fazia operações de fomento e, quando fazia, era em obediência à legislação vigente.


 
Envolovimento de magistrado


 
Olhar Direto já havia antecipado em primeira mão no último dia 21 (veja aqui) que magistrados poderiam estar envolvidos no esquema apurado pela Polícia Federal. Uma das principais testemunhas do caso, a colunista social Kharina Nogueira, ex-esposa de Júnior Mendonça, em depoimento à PF afirmou que a Polícia Federal estaria encarando uma grande organização criminosa. 


 
“Esse esquema é muito maior que a ‘Arca de Noé’”, disse a colunista social ao Olhar Direto, fazendo referência a operação deflagrada em 2002, pela Polícia Federal, que culminou com desmantelamento do crime organizado chefiado por João Arcanjo Ribeiro. A ação é lembrada como uma das maiores e mais bem sucedidas da história de Mato Grosso.





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