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Copa do Mundo 2014
Terça - 12 de Novembro de 2013 às 18:57

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Os organizadores garantem que Cuiabá estará pronta para a Copa do Mundo-2014. Mas a seis meses da competição, o estádio, que precisa ser entregue em dezembro, ainda não tem gramado ou assentos, a cidade carece de hotéis, e algumas obras de mobilidade urbana podem ficar só na promessa.


 
A capital do Mato Grosso, com cerca de 600.000 habitantes, virou um grande canteiro de obras: o aeroporto está sendo ampliado e as vias estão congestionadas por causa das obras de construção do VLT, o veículo leve sobre trilhos.


 
"Cuiabá está vivendo uma verdadeira transformação", afirmou aos jornalistas o governador do Estado, Silval Barbosa.


 
"Estamos executando 56 obras, muitas tiveram atrasos, mas é fato que serão concluídas", garante à AFP o secretário estatal para a Copa do Mundo, Maurício Souza Guimarães.


 
Porém, muitas dúvidas pesam sobre esta cidade de temperatura quente com histórico de infraestrutura precária, e onde muitos habitantes respondem com um contundente "não" quando perguntados si acreditam que esta "transformação" se tornará realidade.


 
"Faltou planejamento, tudo ficou mais caro e agora vamos lutar contra o tempo", lamentou o vereador Dilemário Alencar, da Comissão de Acompanhamento das Obras da Copa.


 
Uma piscina de areia descansa sobre o lugar onde ficará o gramado da Arena Pantanal, estádio estimado em 540 milhões de reais e que receberá quatro jogos da Copa do Mundo.


 
Areia e calor trazem a sensação de estar no deserto. Os operários se protegem dos 40ºC enrolando as camisas no pescoço e usando bonés por debaixo dos capacetes de segurança.


 
A estrutura do estádio foi construída, mas ainda faltam os acabamentos.


 
Nesta terça-feira, o estádio chegou aos 87% das obras concluídas e a Fifa exige que seja entregue no máximo até o dia 31 de dezembro para poder realizar testes nos meses que antecedem o Mundial.


 
O governador reafirmou há alguns dias que, possivelmente, seria necessário tempo extra em janeiro para terminar as obras do estádio, mas Guimarães insiste no fato de não haver "plano B", garantindo que as obras serão entregues a tempo.


 
"Eu acho difícil, entramos na época de chuvas e isto complica as obras", argumentou por sua vez o vereador.


 
Os dois centros de treinamento oficiais, que devem ser entregues antes de abril, também estão atrasados. Um deles, inclusive, tem apenas 10% das obras feitas, denuncia Alencar.


 
Nenhuma seleção optou por ter seu campo de base em Cuiabá durante o Mundial.


 
Durante a última visita do secretário geral da Fifa, Jerôme Valcke, ao Brasil, em outubro, cerca de 50 pessoas invadiram as obras do estádio exigindo melhores salários para os funcionários públicos e protestar contra o gasto de dinheiro público na Copa.


 
Um mês depois, uma pichação em um dos muros ainda diz: "que se foda a Copa".


 
Na Arena Pantanal, ainda não foram colocados o gramado ou as cadeiras. Houve polêmica com os preços destes assentos -- um "disparate" que custaria 200% a mais que no estádio de Brasília, denunciou Alencar --. Guimarães, porém, esclarece que nunca houve superfaturamento, mas que a qualidade das cadeiras eram "melhores do que as dos outros estádios".


 
A empresa fornecedora acabou finalmente baixando o preço e os assentos terão que ser colocados às pressas.


 
Além deste atraso, houve um pequeno incêndio no estádio em obras, mas "todas as precauções foram tomadas para que outro incidente deste tipo não impacte o cronograma", afirmou Guimarães.


 
Para a Copa, alugar um quarto de hotel pode ser um problema, apesar da cidade afirmar ter nove hotéis que aumentarão o número de camas disponíveis para 25.000.


 
Atualmente, são 13.000 camas, pouco mais de um quarto da capacidade da Arena Pantanal, que terá 43.000 lugares.


 
"Estamos buscando alternativas", garante o secretário, referindo-se a programas como o "casa solitária", no qual se incentiva aos cidadãos hospedarem em suas casas os turistas e visitantes.


 
No centro de Cuiabá, o relógio oficial que marcava a contagem regressiva para a Copa do Mundo deixou de funcionar há dois dias. A poucos metros, uma cabeleireira atende uma cliente no meio da praça.


 
"O que não ficar pronto para a Copa nunca vai ficar pronto, vocês vão ver", disse Ana Fashion, como pede para ser identificada.


 
Após uma sonora risada, ela continua trabalhando no cabelo de Karol Santos, uma estudante de 15 anos que já tem planos para a maior festa do futebol mundial: "estar bem longe de Cuiabá".




Fonte: AFP

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