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Internacional
Domingo - 10 de Novembro de 2013 às 16:32

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Os três dias de intensas negociações entre o programa nuclear iraniano e o grupo de seis potências mundiais conhecido como 5+1 --Reino Unido, China, França, Alemanha, Rússia e Estados Unidos--, terminaram em Genebra nas primeiras horas deste domingo (hora local, noite de sábado no Brasil) sem chegar a um acordo, anunciou o ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius.


 
"As reuniões de Genebra permitiram avanços, mas nós pudemos concluir (um acordo) porque ainda há questões que precisam ser tratadas", declarou o chanceler.


 
"A França queria desde o começo alcançar um acordo sobre a importante questão nuclear iraniana", disse o chefe da diplomacia francesa.


 
Fabius informou que haverá mais conversas. "Esperamos neste momento ser capazes de chegar a um acordo", destacou.


 
"Foram feitos avanços, mas ainda há trabalho para chegar a um acordo", declarou uma fonte próxima à delegação francesa.


 
Fabius foi o primeiro a falar com a imprensa após uma reunião noturna celebrada em Genebra entre o chanceler iraniano, Mohammad Javad Zarif, e seus colegas das seis potências ocidentais implicadas nas negociações sobre o programa nuclear iraniano.


 
Momentos depois, a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, que presidiu as negociações, anunciou para 20 de novembro a celebração de uma nova reunião sobre o programa nuclear iraniano, na mesma cidade suíça.


 
"Foram feitos muitos avanços concretos, mas faltam alguns temas", disse, acrescentando que "nosso objetivo é alcançar uma conclusão e isto é o que voltaremos a tentar fazer".


 
Para o chanceler iraniano, o fato de Teerã não ter alcançado um acordo com as potências ocidentais não era motivo para decepção.


 
"Não estou decepcionado, absolutamente", disse Zarif aos jornalistas, depois do anúncio feito por Fabius.


 
Os diplomatas se esforçaram até o último minuto deste sábado para assegurar um acordo nas negociações, depois de Teerã ter acenado com a possibilidade de adiar as conversações.


 
Mais cedo, o chanceler iraniano havia dito à agência oficial de notícias iraniana que se não houvesse nenhum acordo na noite deste sábado em Genebra, as negociações seriam retomadas dentro de sete a dez dias.


 
"Se não houver acordo (neste sábado) ao anoitecer, as negociações continuarão em uma semana ou em dez dias, disse Zarif em uma pausa após duas horas de negociações com o secretário de Estado americano, John Kerry, e Catherine Ashton.


 
Em Teerã, o presidente Hassan Rohani, cuja política permitiu reativar o diálogo entre iranianos e americanos, pediu neste sábado às grandes potências que não percam esta "oportunidade excepcional" de alcançar um acordo.


 
"Eu espero que o grupo 5+1 tire o máximo desta oportunidade excepcional que a nação iraniana oferece à comunidade internacional para que possamos atingir um resultado positivo dentro de um espaço de tempo razoável", disse o presidente, citado pela agência de notícias IRNA.


 
Fontes americanas e europeias confirmaram que Zarif participou de uma reunião convocada por Ashton, e ministros do grupo 5+1, que incluem representantes de Grã-Bretanha, China, França, Alemanha, Rússia e Estados Unidos.


 
Segundo informes iniciais, o acordo proposto, considerado um primeiro passo antes de negociações avançadas com vistas a um acordo final, prevê que Teerã congele partes de seu programa nuclear em troca de alguma suspensão das sanções que afetavam sua economia.


 
Para o chanceler iraniano, as negociações em Genebra foram marcadas por divergências entre as potências.


 
"Alcançamos um acordo sobre algumas questões, mas sobre outras ainda há divergências (...). Há divergências de opinião entre o grupo 5+1" das grandes potências, afirmou Zarif, segundo a agência de notícias iraniana ISNA.


 
A conclusão de um acordo, que parecia iminente na sexta-feira, era incerta neste sábado, sobretudo pelas objeções francesas.


 
O próprio chanceler francês havia dito mais cedo neste sábado não haver nenhuma certeza de que as grandes potências e o Irã chegariam a um acordo. Fabius também insistiu em levar em conta as preocupações de segurança de Israel.


 
"Há um texto inicial que nós não aceitamos" e "não tenho nenhuma certeza de que (um acordo) possa ser concluído" neste momento, disse Fabius à rádio francesa France Inter.


 
"Há alguns pontos que não nos satisfazem", declarou, citando, em particular, o reator de Arak e a questão do urânio enriquecido.


 
"Há um estoque de urânio enriquecido a 20%, é muito", disse Fabius, que se perguntou como fazer para que caia a 5%, "o que é muito menos perigoso".


 
Negociações dentro do grupo "5+1" Na sexta-feira tiveram início em Genebra negociações em nível ministerial e algumas delegações consideram que a postura rígida da França podia estar vinculada à decisão repentina do chefe da diplomacia americana, John Kerry, de viajar à Suíça para apoiar seus negociadores sem ter associado a sua iniciativa seus principais sócios.


 
Já o chanceler russo, Serguei Lavrov, chegou a Genebra no fim da manhã deste sábado.


 
Na sexta-feira, o vice-ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Riabkov, citado pela agência de notícias RIA-Novosti, havia indicado que a Rússia contava em "alcançar (neste sábado) um resultado de longo prazo que o mundo inteiro espera", um acordo que permita afastar o risco de uma guerra e colocar fim a uma década de bloqueios e de tensões.


 
O projeto de acordo, com uma experimentação de seis meses, levaria a uma flexibilização das sanções com um compromisso do Irã de suspender em parte ou totalmente seu enriquecimento de urânio, um processo que permite, quando atinge 90%, a fabricação de uma bomba nuclear.


 
O reator de águas pesadas de Arak citado por Fabius deve entrar em atividade no próximo verão (do hemisférionorte). Depois que for ativado, será muito difícil pará-lo, segundo os especialistas.


 
Entre as outras questões que precisam ser solucionadas encontrava-se o futuro das reservas de urânio enriquecido a 20%. Segundo alguns meios de comunicação, Teerã pode aceitar congelar durante seis meses a atividade de suas centrífugas mais competentes, como sinal de boa vontade.


 
Israel advertiu contra um eventual acordo com o Irã que não permitisse desmantelar seu programa nuclear.


 
O ministro israelense da Defesa, Moshe Yalon, qualificou neste sábado de "erro histórico" o acordo sobre o programa nuclear iraniano que as grandes potências estão negociando atualmente em Genebra com Teerã.


 
"Um acordo agora, nas condições atuais, é um erro histórico que permitirá ao regime belicoso de Teerã continuar seu perigoso programa nuclear", disse Yalon, citado em um comunicado de seu ministério.




Fonte: AFP

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