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Copa do Mundo 2014
Quarta - 11 de Dezembro de 2013 às 15:13

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- Gostaria de ter ficado no grupo da Argentina.


 
Com essas palavras, o consultor financeiro uruguaio Martín Vargas resumiu as impressões dos habitantes do país campeão mundial em 1930 e 1950 após o sorteio dos grupos para a Copa do Mundo 2014, realizado no último dia 6, na Costa do Sauípe, Bahia.


 
A "inveja" uruguaia se dá basicamente por dois motivos: o primeiro é que a Celeste Olímpica caiu no considerado Grupo da Morte do sorteio ao lado de dois campeões mundiais (Inglaterra e Itália) e da Costa Rica. Enquanto isso, os vizinhos argentinos estão em uma chave considerada mais tranquila na primeira fase tendo Bósnia-Herzegóvina, Irã e Nigéria.


 
O segundo diz respeito aos locais que o Uruguai vai jogar na fase de grupos. A esperança dos uruguaios antes do sorteio era que a equipe fosse o cabeça de chave do Grupo F, exatamente o da Argentina, para estrear na Copa no Maracanã, palco da final da Copa 1950 e do histórico título sobre o Brasil, e fazer o terceiro jogo em Porto Alegre, cidade brasileira mais próxima do Uruguai.


 
Entretanto, as bolinhas reservaram o Grupo D para o Uruguai, e grandes deslocamentos para Fortaleza, São Paulo e, por fim, voltar ao Nordeste para jogar em Natal. Dessa forma, a possibilidade de jogar em Porto Alegre ou Curitiba (outra sede da Região Sul) está descartada para a Celeste e a equipe só vai ao Maracanã caso se classifique em 2º lugar no grupo para jogar as oitavas-de-final no estádio ou em uma eventual fina
 

 
- Agora ficou ainda mais complicado acompanhar o Uruguai no Brasil. Vai ser difícil conseguir tanto tempo de folga no trabalho para viajar para tão longe de Montevidéu - contou Martin que disse estar sorteado para adquirir ingressos para uma das semifinais.


 
Assim, o Uruguai terá o quarto maior deslocamento dentre as 32 seleções na primeira fase, totalizando 4.688 quilômetros. Enquanto isso, a Argentina tem o quinto menor com apenas 1.680 quilômetros.


 
O caderno de esportes do jornal El País do Uruguai destacou o longo percurso a percorrer pelo Uruguai e chamando-o de "Ultramaratona!" e divulgou que a Associação Uruguaia de Futebol (AUF) pretende mudar o plano inicial de utilizar Goiânia como cidade base e partir para outras alternativas. A cidade do Guarujá, em São Paulo, já se manifestou interessada em servir como base da delegação do país. Membros da AUF visitaram Belo Horizonte, Fortaleza e São Paulo logo após o sorteio.


 
- O que mais nos complica são as viagens, além dos jogos contra Costa Rica, Itália e Inglaterra, que vão ser muitos difíceis e nos obrigarão nos concentrar muito e fazer um bom trabalho prévio - declarou Sebastián Gauza, presidente da AUF, ao El País.


 
A maior dificuldade para uruguaios acompanharem sua seleção no Brasil se reflete na procura por ingressos no país para a Copa. De acordo com a Fifa, o Uruguai não aparece na lista dos países que mais requisitaram bilhetes ao contrário de vizinhos de continente como a própria Argentina e o Chile e outros da América Latina como Colômbia e México.


 
Caminho complicado no começo


 
O grande deslocamento a percorrer de fato é um problema a mais no caminho dos uruguaios, mas não é o único. Em um grupo da morte com fortes equipes como Inglaterra e Itália, a possibilidade de cair logo na primeira fase é real. O azar no sorteio frustrou uruguaios que acompanhavam com ansiedade a definição dos adversários na primeira fase.


 
- É um grupo parelho com três campeões mundiais e a Costa Rica que nos deu trabalho na repescagem para 2010. Conhecemos bem a Inglaterra e a Itália. Jogamos com os italianos na copa das Confederações. Difícil? O mesmo se disse na África do Sul. Tomara que nossos jogadores estejam em um forma similar a 2010. Seria um orgulho para todos nós - declarou confiante Celso Otero, auxiliar técnico de Óscar Tábarez, ao jornal El País.


 
Além de enfrentar dois campeões mundiais, pesa contra o Uruguai um incômodo jejum. Desde 1970, a Celeste não vence uma seleção europeia em Copas do Mundo (a última foi o triunfo por 1 a 0 sobre a União Soviética, nas quartas-de-final).


 
- Não creio que vamos repetir a campanha da África do Sul (quando o Uruguai chegou às semifinais). São 44 anos sem vencer um europeu em mundiais. Temos grandes atacantes como Suárez e Cavani, mas alguns jogadores como Lugano, Pérez e Forlán já estão velhinhos e podem não aguentar o ritmo forte que a Copa no Brasil vai exigir - lamentou Geraldo Cal, funcionário do museu do futebol do mítico Estádio Centenário, em Montevidéu.


 
No entanto, nem tudo são notícias ruins no caminho uruguaio, pois o sorteio também reservou possibilidades auspiciosas para a equipe. Caso passe pela fase de grupos, o Uruguai tem pela frente adversários do grupo C, formado por equipes consideradas mais fracas e sem nenhuma seleção favorita ao título. O time de Óscar Tabárez encararia Colômbia, Grécia, Costa do Marfim ou Japão.


 
Além disso, caso passe em 1º lugar no Grupo D, está aberto o caminho para repetir uma eventual final contra o Brasil no Maracanã, 64 anos após 1950. Isso só pode ocorrer se a Seleção Brasileira também encerrar a primeira fase como líder e chegue à decisão.


 
Se for segundo no grupo D, o Uruguai volta obrigatoriamente ao Maracanã já nas oitavas para enfrentar o líder do grupo C. Passando às quartas, tem grandes chances de encontrar o Brasil, só que desta vez, no Castelão, em Fortaleza.


 
- Os objetivos do Uruguai são mais modestos. Obtivemos grandes conquistas recentemente como o 4º lugar na África do Sul e o título da Copa América em 2011. Mas acho que se chegarmos às quartas-de-final no Brasil está de ótimo tamanho para nossas pretensões. Passando da primeira fase, é possível sonhar com algo maior - projetou Geraldo Cal.





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